The Darkness #53



Plutão 



     Ao entrar no quarto totalmente engolido pela escuridão, Plutão deitou-se na cama para encontrar o pequeno corpo adormecido de Persifal deitado numa das suas almofadas. Abriu um pouco as persianas da janela para entrar um pouco de luz, chamou o gatinho para perto de si e tornou a deitar-se. Persifal aninhou-se a ele. Plutão respirou fundo e fechou os olhos. Estava tão cansado, a sua mente completamente cheia, e o seu espírito em baixo. Apesar de sentir-se bem na cama a receber o calor do bichano, Plutão levantou-se de novo, descalçou as botas pretas e despiu a camisola de alças brancas, que estava completamente suja, e saiu do quarto em direção à casa de banho.
     Despiu o resto das roupas que tinha vestido e entrou no duche. Deixou a água correr pelo seu corpo cansado e procurou alguma paz na água morna. Depois de sair do duche, com algum vigor recuperado, Plutão enrolou uma toalha à volta da sua cintura e foi para o quarto. Mexeu no cabelo molhado de modo a penteá-lo e deitou-se na cama pronto para dormir durante o resto do dia. No entanto, quando o seu consciente estava prestes a ceder a um sono merecedor, Plutão é atacado por uma presença negra. Percy ficou agitado e em modo de defesa. Tinha o pêlo eriçado e as unhas de fora. Plutão ergueu-se, a observar cada canto do quarto. Assim que avistara a sombra que entrara no quarto já era tarde mais. Plutão tinha sido atacado e a Escuridão estava a infiltrar-se na alma dele, estava a matar a sua Luz. Outra vez. Plutão gritou. Este processo era no mínimo insuportável e demasiado doloroso. Por mais que gritasse, ninguém parecia vir em seu socorro. Nem mesmo a Mel... Nem mesmo a sua filha.





     Plutão despertou sem saber onde estava, quem era e o porquê de estar ali. À sua frente estava um homem alto e loiro, a sorrir. 
- Ele não estava lá connosco? - Uma voz perguntou. 
- Estava - respondeu o homem loiro. 
- Onde... Onde estou? 
     A mesma voz riu-se.
- Ele não se lembra de nada? 
- Pelos vistos não - mais uma vez, o loiro respondeu. - É melhor assim. 
     A voz desconhecida apareceu de dentro das sombras. Os seus olhos eram tão negros, o seu cabelo tão ruivo que pareciam irreais. A sua pele era preenchida por sardas.
- Quem são vocês?
- Tu agora és um de nós, Plutão - aproximou-se. - O meu nome é Tema, este é o Noir. 
- Nós? Nós quem? 
- Nós somos um grupo de quatro que... 
     Plutão interrompeu-os.
- Quatro? 
- O nosso quarto membro não está aqui, mas em breve irás vê-lo. Tudo a seu tempo. Retomando, somos um grupo de quatro que irá lutar contra um mal bem perigoso - Tema aproximou-se. 
- E que mal é esse? 
- Ele chama-se Sol e é uma Estrela de outra galáxia que pretende aniquilar todas as outras para ter um enorme poder - Tema rodeou Plutão lentamente.
- E qual é o meu papel no meio disto tudo? Porque estou aqui?
- Tu, Plutão, vais ajudar-nos a derrotá-lo - e parou diante do Planeta.
- Porque haveria de vos ajudar? Eu nem sei quem são... quem é este Sol...
      Plutão conseguiu ouvir Noir rir-se. Tema fez-lhe má cara. 
- Sabes, Plutão, é melhor irmos para outro lugar. 
     Sem qualquer hipótese de recusar, Tema levou-o na sua luz azul. Quando aterrou, deparou-se com uma sala de paredes metálicas ferrugentas e escuras com uma cadeira no centro. O local assustou-o um pouco. Sentia-se encurralado. Estava confuso, atordoado e aquele Tema estava obviamente a tentar manipulá-lo. 
- Senta-te. Vais adorar a especialidade da casa - Tema sorriu-lhe maleficamente ao erguer a sua mão cheia de Escuridão, - a dor.



Luna 
  


     Um novo dia nascera. Todos tínhamos recuperado energias e dormido o dia inteiro. Eu e Sol descemos para comer o pequeno-almoço e estavam já todos na cozinha, exceto o meu pai.
- Hum, ele ainda não está acordado? 
- Ainda não o vi hoje, Luna - respondeu a avó.
- Vou chamá-lo. 
     Subi as escadas e bati à porta. Não recebi resposta portanto tornei a bater e nada. Resolvi entrar e não estava lá ninguém. A cama não estava feita, as persianas estavam um pouco abertas e havia pouca luz no quarto em comparação ao resto da casa. Andei à volta do quarto. Sentia uma presença estranha a pairar no ar. Chamei os meus elementos, Ar e Luz. Passei a mão pelo Ar e os senti os meus olhos a apagarem a imagem à minha frente, repondo-a com outra. Os meus pensamentos dissiparam-se e surgiu um momento novo. Estava a ter uma visão. No entanto, esta era diferente. Não era uma visão do futuro, mas sim do passado. 





- Pai - sussurrei, com a voz a falhar-me.
     Caí de joelhos, no chão, paralisada e em choque, com uma lágrima a percorrer o meu rosto. As minhas mãos tremiam. O meu corpo estava imóvel, sem conseguir processar a informação recebida. O meu coração queria saltar-me do peito, a respiração faltava-me. Tinha as emoções à flor da pele. Parecia que tinha parado no tempo e estava envolvida apenas no sofrimento do meu pai e na Escuridão do Tema. Quando Sol me abraçou, eu mal reagi.
- Luna, o que aconteceu? 
- Ele... Ele tem... 
     Sol agarrou o meu rosto com as suas mãos, obrigou-me a fitar os seus olhos e a acalmar-me. Engoli em seco, concentrando-me em algo que não a minha visão.
- Ele tem o meu pai - disse-lhe e no segundo seguinte tinha o rosto completamente molhado das lágrimas. Sol abraçou-me. Sem mais palavras por dizer, ele apenas abraçou-me e garantiu que me sentia salva e segura. Mas eu não me sentia. Não conseguia sentir-me segura. 


 

Sol 



      Depois de conseguir fazer com que a Luna adormecesse, Sol foi falar com o resto do grupo. 
- O que aconteceu? Porque não me deixaste vê-la? - perguntou Mondy.
- Calma. Ela teve outra visão. E uma das más.
- Ela está bem?
- Não. Mas há de ficar. 
- Ela disse-te o que viu? - Vénus perguntou, mais preocupada do que Sol imaginaria.
- Não completamente. Mas eu sei o que aconteceu - Sol puxou uma cadeira e sentou-se com ela ao contrário. - Tema apanhou o Plutão. 
     Mondy e Vénus ficaram surpreendidas e confusas e Mercúrio colocou uma expressão zangada no rosto. 
- Como assim ele tem o Plutão? - Vénus inquiriu. 
- Creio que ele tenha usado a Escuridão para o fazer. 
- Isto não está a acontecer... - Mercúrio murmurou, furioso. 
- Isto é só o começo. Ele está a usar o Plutão como aviso. A guerra está mais próxima do que imaginamos. 
- Quando é que achas que vai acontecer? - Mondy questionou.
- É uma sorte se ele não nos atacar de surpresa hoje. Provavelmente vai querer domar bem o Plutão até usá-lo contra nós. 
- Ele que venha. Desta vez ninguém me impede de queimar cada pedaço daquele palerma. 
     Pelo canto do olho, Sol viu o terror que passou pelo rosto da Vénus depois de ouvir as palavras do seu Irmão. No entanto, a sua expressão logo mudou. 
- Não podemos agir precipitadamente. Não nos podemos esquecer que ele tem a Pedra e sabe-se lá qual será a tal Arma Secreta que ele vai criar.
- Não podemos ficar de braços cruzados! 
- E não vamos ficar. Eu não vou deixar que ele fique com a nossa casa, Mercúrio, nem com o nosso Irmão.
- Temos de construir um plano, Sol - afirmou Mondy. 
- Mas primeiro - Sol dirigiu-se a Vénus - posso confiar em ti? 
     Vénus fitou-o e ele leu-a na perfeição. Já sabia qual seria a sua resposta mesmo antes de ela a proferir.
- Sim.

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