The Battle: Part One #55




     A luz era pouca. O frio particular da galáxia de Tema fazia-se sentir. Os dois planetas, Qaya e Noir, estavam prontos para irem até à Terra que seria o palco para esta guerra. Silver não se atreveu a aparecer apesar de ter insinuado o contrário.
     Tema tentava mostrar-se impenetrável, completamente concentrado e com os olhos no objectivo: derrotar Sol. Mas ele ainda tinha o seu coração a bater por aqueles olhos cor de rubi. Talvez, se ele olhasse mais uma vez naqueles olhos ele desistiria desta guerra. Só que talvez não chega. Ele sabe que feriu demasiado os sentimentos da sua Tal, demasiado para ela nunca o perdoar e lutar ao lado dos seus oponentes. O calor do amor dela ainda cintilava, contudo, a qualquer momento esse calor iria ser morto pelo frio do seu próprio corpo. De certa forma, ele sentia-se bem por não estar a nadar nas águas desconhecidas do amor de Vénus. Ele é muito mais poderoso nas suas. 
     Tema usava uma t-shirt branca de mangas enroladas até aos ombros, duas mangas metálicas que vinham desde do pulso até um pouco antes do cotovelo, prateadas, e com sua mão direita segurava na sua Arma Secreta, a lança: era toda negra e reluzente com apenas um fragmento em losango da Pedra no topo, envolvida por um rebordo metálico de onde saia a lâmina envolvida por linhas sinuosas.
     Um luz escura apareceu no espaço e surgiu Plutão. Os seus olhos, que outrora eram azuis acinzentados, agora eram negros; desprovido de qualquer memória ou sentimento, os seus olhos viraram o reflexo do seu interior. Agora com os três atrás de si, Tema, Noir, Qaya e Plutão partiram para a Terra.
     O quarteto permaneceu no ar depois de chegarem ao Planeta Azul. Os raios de Sol brilhavam intensamente apesar da brisa fresca. Isso irritou Tema. Então ordenou que Plutão iniciasse a tempestade.






     Por sua vez, Sol estava sozinho no quarto. A Luna estava a treinar mais um pouco, a fazer o último esforço, enquanto que ele estava paralisado no quarto. A sua mente estava a mil. Ele pode perder todos os que ama no espaço de segundos. Só a ideia aterrorizava-o. Perder a Luna... Perder os Planetas... O que seria dele se sobrevivesse? Se só ele sobrevivesse? O que vale estar vivo se todos com que se preocupa estão mortos?
     Sol levantou-se e colocou as suas mangas de couro no antebraço. Atou-as bem forte. Dirigiu-se à secretária e passou a mão pela mesa, fazendo aparecer um punhal belíssimo e muito perigoso.
- O que tens aí, tigre? - perguntou a sua amada a abraçá-lo por trás.
- É um punhal muito antigo. Foi um presente da Terra para a primeira guerra contra Tema.
- Hum, e essa tal Terra - começou Luna.
    Sol riu-se e interrompeu-a.
- Só gosto de ti - puxou-a para si e abraçou-a.
- Não te vou desiludir, prometo - disse Luna enquanto abraçava-o com mais força.
     Sol beijou-lhe a parte de cima da cabeça e assegurou-se que transmitia-lhe alguma resposta pela Ligação deles.
- Sol, é agora - disse Luna a olhar pela janela. Ela aproximou-se dele. - Tenho tanto medo.
- Independentemente do que aconteça - ele fitou-a -, vou estar sempre contigo.
- Independentemente do que aconteça - Luna repetiu a assegurar-lhe que ele a teria sempre, assim como ela sempre o teria.






     Sol, Luna, Mercúrio e Vénus caminharam até ao jardim, prontos para derrotar aquele mal. Mondy decidira ficar em casa para não os atrasar e para não os preocupar caso algo acontecesse. A casa estava escudada.
     O céu estava cinzento, engolido por nuvens carregadas de uma escuridão estranha. Tema, os seus Planetas e Plutão estavam a flutuar bem lá de cima, com os seus cabelos a esvoaçarem. A primeira coisa em que a Luna reparou foram os olhos do seu pai. Eles estavam totalmente negros, possuídos pela Escuridão. A mesma pergunta, uma e outra vez, surgia na sua cabeça: Porquê o meu pai?
     Apesar das tentativas, Luna não conseguia encontrar uma resposta válida. E a única coisa que importava era vencer a batalha. Se vencerem isto, todo o mal na vida dele irá acabar. Os quatro lá em cima desapareceram num piscar de olhos. 
- Faz como te disse, Luna - sussurrou Sol. 
     Luna ouviu-o e libertou a sua mente. No segundo seguinte a representação da Lua voava de mão dada com o seu Tal. Como ele dissera, Luna conseguia sentir um chão transparente por baixo dos seus pés quando chegou à altura certa, que a fazia sentir mais segura e pronta para dar luta ao Tema.
      Bem por cima da casa dos Brown, quase no meio das nuvens cinzentas, o palco para a guerra estava montado: um chão transparente que refletia a fúria do céu e os brilhos dos Planetas e as suas Estrelas. Havia um escudo em torno do pavimento que não ia deixar os ataques ultrapassar os seus alvos para a população em baixo.
     Os Planetas de Lymph pareciam animados. Noir tinha um sorriso tão alegre que era irritante. Qaya parecia mais sério. No rosto de Plutão não passavam quaisquer emoções, estava calmo e preparado. Não parecia lembrar-se de nenhuma pessoa à sua frente. Tema tinha a sua Arma Secreta nas mãos, brilhando na luz da tempestade que se aproximava.
     Vénus mal conseguia olhar para qualquer outra pessoa a não ser o seu Tal. Olhava-o com nojo e desprezo, tristeza e raiva. Tema, pelo contrário, mal conseguia encarar aqueles olhos cor de rubi.
     Os olhos de Sol percorreram o céu negro à procura da tal Arma Secreta de Tema até que por fim percebeu que era a lança que ele segurava com a mão esquerda. 
Se por um milagre conseguir-mos vencer isto, casas comigo? 
- Sol?! Tu não podes fazer uma pergunta dessas nesta situação!
     Sol sorriu. 
- Vamos lá acabar com isto - murmurou Noir. 
- Concordo com o ruivinho - retorquiu Mercúrio.





     Luna nem se apercebeu do que acontecera. No segundo seguinte, o cenário diante dos seus olhos tinha mudado. Sol, que antes estava ao seu lado, agora estava a tentar fazer frente com Tema tentando fazê-lo largar a lança. Mercúrio lutava contra o rapaz ruivo e a Vénus estava frente a frente com o outro Planeta.
     Concentra-te! 
Depois deste abanão mental, Luna estendeu as mãos e projetou um ataque em Tema, só que Plutão intersectou-o. Ela surpreendeu-se. Não esperava lutar contra o seu próprio pai.
- O que fizeste ao meu pai?
     Plutão não reagiu à questão, limitando-se a esquivar-se da luta entre as Estrelas, correndo velozmente pelo pavimento na direção da sua filha. Nos seus olhos via-se vestígios de uma outra luta.
     A representação da Lua abriu as mãos e uma rajada de ar levou Plutão para longe. Luna correu até ele e selou o seu corpo, naquele chão invisível, com gelo. 
- Desculpa - e deu-lhe um beijo na testa. 





- Então és tu a ruivinha de que tanto falam - afirmou Qaya a Vénus ao esquivar-se dum ataque dela. 
- E tu és? - disse ela ofegante e com um tom desprezível. 
- Qaya. 
     Vénus esquivou-se dum ataque dele e projetou uma luz para os olhos de Qaya. Este ficou tonto. Vénus voou por cima dele e deu-lhe um pontapé nas costas fortes dele. Qaya caiu sem qualquer protesto. Vénus voou mais acima e agarrou num relâmpago. Aterrou junto ao tronco dele e espetou o relâmpago na sua barriga. O Planeta gemeu.
- Foi um prazer, Qaya.  
      Depois de tratar de Qaya, Vénus atacou Tema com um raio de Luz. Luna envolveu-o com um tornado e Sol recuperou o fôlego. Tema caiu e a lança escapou-lhe das mãos. Luna agarrou na arma  e antes de poder entregá-la a Sol, Tema ergueu a Pedra e apontou-a para a representação da Lua. Uma luz vermelha cheia de energia atacou Luna que foi projectada para longe. Se Sol já tinha razões suficientes para derrotar a sua Estrela oponente, então agora mais ainda tinha. 
     Sol juntou as mãos, formou rochas em chamas e atirou-as contra Tema. Ele não se conseguiu defender. O ataque projetou-o para mais longe e Sol caminhou para mais perto dele. Sol atirou cada vez mais rochas para Tema até que Plutão se colocou entre os dois. Mercúrio tinha estado ocupado com Noir até Vénus ter-se encarregue dele. Por isso, foi ajudar Sol com Plutão. 
- Onde está a Luna? 
- Não sei, Tema atacou-a com a Pedra. 
      Os relâmpagos fizeram-se ouvir pela primeira vez. Plutão estava mais forte que há uns minutos atrás e só podia ser obra da Escuridão. Mercúrio correu até ele e combateu-o ao mesmo tempo que tentava abrir a mente dele para quem ele realmente é. 
     Quando Sol reparou, Tema já tinha a lança de volta e corria para matá-lo. Sol pegou no punhal e mudou-o para uma espada. Ambos gritaram ao correr um para o outro. Tema finalmente usou as propriedades mágicas da sua Arma. A sua lança libertava fogo azul. Sol não estava surpreendido mas Tema sorriu de fininho. Intersectou o ataque de Sol e contra-atacou-o. Esta lengalenga continuou. A lança mágica de Tema parecia ter a mesma força que o Punhal transformado de Sol. 
     Como é isto possível? 
     Ao distrair-se, Tema foi atacado na perna e este curvou-se. Sol deu um pontapé no peito dele e Tema caiu para trás. 
- Parece que essa Arma Secreta não te valeu de muito, loirinho. 
     Sol deu um pontapé no braço esquerdo dele e Tema largou a lança. 
     A lâmina de Sol estava levantada e pronta para cair no coração de Tema. Contudo, Sol sofreu uma placagem de Noir que o deixou caído no chão. 
- Ainda não é agora - disse Noir ao estender uma mão a Tema.

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