your ghost

o meu coração acelerava cada vez mais, a minha respiração era inconstante e o motivo era ter-te tão perto de mim e ainda assim tão distante. não conseguia lidar com esse aborrecido e triste facto. o desejo de apenas poder abraçar-te de novo como dantes consumia-me por inteiro e apoderava-se de mim de uma forma incontrolável. desculpa, não sou capaz de nada. nem de ficar longe de ti sou. a verdade, a triste e cruel verdade, é que nós morremos. uma morte acidental mas fatal. destruiu-nos por inteiro, deixando para trás apenas a memória do que antes foi o melhor momento das nossas vidas e agora? agora é simplesmente isso, uma memória. a melhor memória. contudo, eu ainda te vejo com os mesmos olhos de antes. ainda te vejo a sorrir como um miúdo na manhã de natal aguardando o seu mais desejado presente, ainda te vejo corar por um gesto inesperado meu, ainda oiço a tua rouca voz no início da manhã. ainda vejo a brisa fresca de outuno a passar por entre os teus curtos cabelos e o sol a refletir o seu último raio na cor verde primaveril dos teus olhos. e ao virar-me para finalmente encarar-te o meu coração foi invadido por saudade e tristeza imensa. os teus olhos postos mim com uma emoção indecifrável, o teu corpo só, a tua mão sem a minha, os meus lábios sem os teus. tudo isto condicionou a um momento constrangedor em que não foram precisas palavras para termos a certeza de que tudo o que tivemos estava acabado e que só éramos fantasmas a flutuar por aí, algures. 

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