Delírios de Amor - XXVII

  Durante a viagem, fui-me apercebendo que não era preciso ir para tão longe. Aliás, Algarve seria muito melhor, mas pronto. Já ia a caminho e não ia mudar de decisão a partir do nada.
Demorei 7 horas para lá chegar, com paragens pelo meio do caminho.
Quando lá cheguei, já era meio de noite e fui descansar. Estava esgotada. Só não desliguei o móvel por causa dos meus pais poderem telefonar, caso contrário, já estaria desligado desde que saí de casa. Não queria interrupções enquanto estivesse aqui, não queria que ninguém me chateasse. Vim aqui para esclarecer tudo na minha cabeça, e fugir de tudo parecia-me uma óptima opção agora, e só queria paz por uns momentos.
  Adormeci a pensar que ou ficava com um deles os dois, ou não ficava.
Comecei a ter um sonho estranho com dois rapazes, que decerto que seria o Fábio e o Pedro, mas não dava para a ver cara de nenhum deles. Reparei que eram ambos morenos, mesmo morenos. Tinham o cabelo escuro, mas um tinha mais claro que o outro. Eram ambos muito bonitos, e charmosos, é pena não ter reconhecido as suas caras. Mas é só um sonho, nada de grande significado neste momento.
  Levantei-me, e eram quase hora de almoço. Fui visitar a cidade onde estava e encontrei um restaurante lindo, com uma vista magnifica e os cozinhados que ali preparavam cheiravam divinamente bem.
Pedi um prato típico da região, que estava delicioso, mas não foi isso que me intrigou mas sim o empregado que mo serviu. Sim, tinha a pequena sensação de o conhecer de algum lado, mas não fazia a mínima ideia de onde. E sinceramente, tinha coisas mais importantes com que me preocupar.
Depois de almoçar, fui dar uma volta por aí, ver as vistas. Lembrei-me de antes de sair de casa vestir o bikini  e dar uma volta pela praia. Estava cheia e por isso decidi ir a outra e com sorte estava com pouca gente. Fui dar um mergulho, estava um calor abrasador. Deitei-me na toalha para apanhar banhos de sol e apanhar mais cor, e enquanto isso fui pensando seriamente na minha vida. Pensando o quanto amo aqueles dois, o quanto eles me fazem felizes, mas não sou capaz de escolher nenhum deles. Portanto, acho que a melhor decisão mesmo é ficar solteira, ter os dois como amigo, e mais nada. Talvez essa seja a melhor opção, a melhor escolha a tomar.
No meio de tantos pensamentos e conclusões fui interrompida por um objecto que só me apercebi o que era quando abri os olhos. Levei com raios de sol encandeados nos meus olhos, o que fez com que ficasse um pouco tonta, mas depressa recuperei os sentidos e vi que um rapaz se aproximava para buscar o tal objecto, que era uma bola de praia. Decidi sentar-me.

Rapaz: Ah, desculpa se te magoei com a bola.
Iara: Na boa, não me aleijaste.
Rapaz: És portuguesa ? Finalmente alguém de lá.
Iara: Cheguei ontem, pois ahah.
Rapaz: Sozinha ?
Iara: Sim, porquê ?
Rapaz: Nada, só estranhei uma rapariga como tu estar sozinha.
Iara: Pois, quem me dera que fosse assim tão fácil.
Rapaz: Hãn ?
Iara: Nada , esquece.
 Voltei a deitar-me.
Rapaz: Então vemos-nos por aí ... ?
Iara: Iara, e tu ?
Rapaz: Lourenço.
Iara: Vemos-nos por aí então.
  Reparei que sorrira, mas não lhe liguei muito. Farta de rapazes estou eu. Mas confesso que ele pareceu-me muito simpático.
 Voltei a trabalhar para o bronze, e logo depois decidi ir à água refrescar-me. Saí da praia às oito da noite, quando o sol se estava a por e não havia mais ninguém lá. Não me apetecia ficar em casa, apesar de estar um pouco cansada, fui a uma feira que lá havia e acabei por jantar ali mesmo. Serviam comida mesmo deliciosa.
Fui para o cais que havia ali perto da feira, repensar em tudo de novo e certificar-me que tomei a decisão mais acertada. Do nada, oiço uma voz a ecoar na minha cabeça.

Lourenço: É lindo não é ?
 Fiquei surpreendida por ele ainda se lembrar de mim, e respondi-lhe sem olhar para ele.
Iara: Muito mesmo, ajuda a pensar nas coisas.
Lourença: Problemas ? Quer dizer, sei que não te conheço e deve ser uma tamanha indelicadeza já querer saber deles visto que só te conheço por te ter atirado com uma bola. - E soltou uma risada.
 Sorri-lhe.
Iara: Não faz mal, não dizem que desabafar com estranhos faz bem ? Quer dizer, se quiseres ouvir.
Lourenço: Força nisso.
Iara: Bem, é sobre rapazes. - Ele fez uma careta do tipo "não a sério ?" ahah. - Eu namorava com o Pedro, um rapaz perfeito a meus olhos, e estava tudo a correr bem até que um dia discutimos imenso e quase que ele me batia mas não foi capaz, e decidimos que foi melhor acabar. Passado um mês, voltámos porque não lhe resisti e ele acabou provando que tinha mudado e realmente mudou. Mas à um ou dois meses atrás conheci um rapaz fantástico, um amor de pessoa, ele chamava-se Fábio e acabou virando um irmão para mim, ou pelo menos pensava assim. Depois o Pedro ficou caído de ciúmes, e disse para escolher entre ele e o Fábio e não consegui escolher na altura e aproximei-me do Fábio porque ele era um grande porto de abrigo para mim - Começava a achar que era informação a mais para um desconhecido, mas enfim. - e começámos a sentir mais que amizade um pelo outro, mas sentia-me sempre ligada ao Pedro de alguma maneira. E pensei, pensei mesmo bem e escolhi o Pedro no final. Mas quando estou com ele, penso no Fábio e o quanto ele é importante e quanto o amo. E se estivesse escolhido o Fábio, sentiria a mesma coisa. E vim para aqui, bem, pensar e pensar e pensar, e também para esquecer tudo isto por uns dias.
Lourenço: Para já, nem imagino a tua cabeça e o teu coração a lidar com isto tudo, deves ter uma coragem de enfrentar isto tudo. Segundo, fizeste bem em vir para cá, é um sítio óptimo para estar e pensar um pouco. Terceiro, escolhe nenhum deles e fica comigo, brincadeiraaaaaaaaaaa ! Ahah , não leves a mal, sou sempre brincalhão - Ri-me imenso com isto. - mas agora a sério, já tens alguma decisão ?
Iara: Por agora, a minha decisão é ficar solteira e ver o que o futuro me reserva sem nenhum deles.
Lourenço: Acho que fazes bem, a vida são dois dias e temos que aproveitá-los felizes.
Iara: É, tens razão ... ?
Lourenço: Lourenço.
Iara: Desculpa, desculpa. Tinha o teu nome na ponta da língua, ahah .
Lourenço: Na boa. - Sorriu-me.
Iara: Moras onde ?
Lourenço: Aqui perto, mas não é...
 Interrompi-o .
Iara: Não, em Portugal... ?
Lourenço: Ah, moro em Lisboa e tu ?
Iara: Cascais.
Lourenço: É perto !
Iara: Sim pois é.
Lourenço: Vais ficar cá quanto tempo ?
Iara: Até ao final da semana, se possível. Tenho que poupar para gasolina na ida, ahah.
Lourenço: Bonita, solteira e poupadinha, sim senhor, ahah.
 Sorri-lhe, mas mesmo assim, não lhe dei muita corda.
Conhecemos-nos melhor e ele levou-me até ao Hotel onde estava. Fiquei com o numero dele, e nem liguei muito a isso. Fui dormir, estava realmente cansada.

continua. 

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