Delírios de Amor - II

   Faltava cerca de meia-hora para as três da tarde, e estava nervosa, ansiosa, receosa, tudo e mais alguma se passa comigo naquele momento. mas decidi acalmar, respirar fundo e pensar que há coisas piores não é verdade ?
 Como o lugar ficava ainda um pouco longe decidi ir andando para lá, e ver se o ar que respirava durante a caminhada me fazia sentir melhor. algo surpreendeu-me quando vi um vulto perto do lugar combinado, uma casa abandonada nos subúrbios da cidade. quando observei mais atentamente, percebi que era ele, o Pedro. ainda faltava uns dez minutos até as três da tarde e pensava mesmo (!) que ele ia chegar atrasado e inventar outra desculpa para o mesmo. mas pronto, há uma primeira vez para tudo não é ? ele reagiu quando me fui aproximando dele, levantou-se, sorriu e deu-me um abraço do tipo "amigos 4ever" . estranhei, mas também não fiquei indiferente,   retribuí o abraço. gostei,confesso. é daqueles abraços que apenas ele pode dar e disso, já não tenho há muito tempo.

Pedro: É tão bom ver-te, nem sabes o quanto !
Wow , será que ele teve mesmo saudades minhas ? Iara , concentra-te miúda !
Iara: Hum , também é muito bom ver-te. Já passou tanto tempo ...
Pedro: Pois foi, tenho saudades desses tempos, em que todo o mundo desaparecia e éramos só nós.
No meu pensamento, quando ele acaba de dizer "todo o mundo desaparecia e éramos só nós" foi como se quisesse dizer-lhe que o amava ainda, e que ele era o meu mundo e estava cheia de saudades de nós, mas não! eu não podia fazer isso comigo, não podia voltar a sofrer por ele. e as palavras não me saiam...
Iara: Ah ... , hum , nem sei que dizer Pedro ...
Ele de repente , agarra na minha mão como se fosse sua outra vez, e olha-me nos olhos como da primeira vez que nos vimos. paraliso, fico quieta a observar a sua expressão facial enquanto ele me sussurra palavras de amor ao ouvido. estou a começar a delirar, estou a ter delírios de amor por ele. outra vez. basta!
Iara: Pedro, pára!
Pedro: Não negues o que desejas, volta .
Levanto-me e fico ciente do que se passa à minha volta, ele pensa que depois de tudo o que ele fez, eu esqueci, e eu não esqueci, não. deve ser a coisa que mais me lembro, durante dezoito anos de existência. e infelizmente é assim.
Iara: Queria dizer-te tanta coisa, tanta coisa mesmo! Mas tu não mudaste nada, continuas o mesmo egoísta, estúpido por quem eu um dia me apaixonei e que no fim sofri mais que tudo ! Eu não volto a cair na mesma armadilha Pedro, não aguento sofrer mais por quem não merece. E sinceramente, este encontro foi das piores ideias que já tive.

Viro-lhe as costas, mas ele agarra-me pelo braço. Não consigo olhar para ele depois de tudo o que lhe disse. E começa as lágrimas a cair pela minha cara.


continua.  


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