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Underneath #9

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     Quando o relógio marcou as nove da noite, Mondy - a senhora que salvou Troy da Escuridão - já tinha falecido. Troy era um intruso naquela sala de estar que não fazia mais nada do que observar a família que perdeu alguém. No entanto, ele não se sentia menos triste. Mondy salvou-lhe de Saeva... Possivelmente salvou-lhe da insanidade, de toda a loucura que nascia dentro dele, da Escuridão que muito facilmente o conseguiu possuir. Ele não sabia porquê mas depois de ter desmaiado, quando o seu corpo despertou de novo, Troy sentia-se diferente. ◄◊►      Depois de Sol aparecer, tudo virou branco... Um nevoeiro, uma mancha. E a única coisa que os seus olhos conseguiram ver foi a si mesmo. Um pouco mais velho, mais alto, mais forte e com outro penteado. Mas também mais triste, cansado e sombrio. Apesar de estar diante de um homem que era idêntico a si mesmo, Troy teve dificuldades a acreditar que eram a mesma pessoa. Depois de presenciar os momentos ...

Underneath #8

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      A casa das gémeas era enorme.     Situada um pouco longe da agitação da vila, a casa da Violet e da Melody possuía um enorme jardim à frente com algumas árvores em cada canto do terreno. Haviam pequenos gnomos de jardim - feitos pelas gémeas - com as suas respectivas gnomas e canteiros de flores junto à fachada da casa.       O comprido alpendre estava enfeitado por uma cascata de flores pendurada junto às suas colunas de cada lado, via-se um sofá branco no lado direito e duas camas para gatos. Uma janela do lado direito sobressaía-se por ser curva. Quando chegaram mais perto, viram que na porta da entrada haviam no vitral os símbolos do sol e da lua unidos. - Os vossos pais fazem o quê mesmo? - Catarina questionou - A vossa casa é linda. - Os nossos pais têm uma grande herança - começou Violet. - A nossa mãe é publicitária e faz colunas em alguns sites de revistas para além da própria que ela tem - terminou a irmã. - Isso é bem...

Underneath #7

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     Uma luz brilhante cegou os seus olhos. Ao focá-los para a paisagem à sua frente, Troy encontrou o mar. Estava completamente  flat. Os seus dedos acariciaram a areia molhada e um riso ecoou vindo em direção a ele. Ele podia esquecer-se de tudo mil e um vezes que aquele riso iria permanecer na sua mente para sempre; o riso que o fazia sorrir e lhe dava energia. O riso de Catarina.       Vestida no habitual biquini preto, Catarina correu para ele e estendeu-lhe a mão com um sorriso estampado no rosto. Os seus olhos castanhos brilhavam com a luz solar a incidir neles. As sardas sobressaíam-se mais que o costume.  - Anda, Troy! - estendeu-lhe a mão.      Troy agarrou na mão sem pensar duas vezes. Um sorriso abriu-se-lhe nos seus lábios. Agora, iam os dois a correr para o mar. Ele agarrou a cintura dela e rodopiou-a na água marinha. Eles riram e beijaram-se como se nada no resto do mundo existisse. Mas, de súbito, tudo ...

Underneath #6

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     Estava escuro e frio. Cada respiração gelava no ar à sua volta. Troy estava a tremer com as mãos nos braços. Existia uma fonte de luz algures, porém, ele não sabia de onde vinha. Ele não conseguia ver nada para lá das paredes transparentes que o guardavam. Ele ficara rouco de gritar por ajuda, alguém, mas nada parecia ouvi-lo. Se ele estava no seu próprio corpo, Troy não sentia. De vez em quando tinha um vislumbre do que os seus olhos viam, aqueles que agora estão no comando do seu parasita, a Escuridão.       Troy achou que estava a sonhar. Escuridão? Como é possível existir uma escuridão materializada? Acorda, Troy, acorda , ele pensava. Mas nada do que ele queria acontecia. Já nem sentia que existia. Já não sabia o que sentia e lentamente, as suas memórias iam-se desvanecendo e um vazio dentro de si se formava, consumindo-o. Acorda .       Um par de olhos brancos surgiu à sua frente. Ele moveu-se para trás. Apesar de se...

Underneath #5

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     O relógio acabara de marcar as seis e todo o pessoal de Crystal Riders parecia já estar despachado para ir a caminho de casa. Melody viu-se encurralada entre a espada e a parede e tentava o mais possível fazer tempo. Ela encarregou-se de tratar de Ace e fez questão de demorar o processo. Benjamin de vez em quando apercebia-se que ela estava stressada e até lhe perguntou se havia algum problema. Além disso, ele insistiu bastante em ser ele a tratar do cavalo. Melody, desajeitadamente, recusou sempre. No entanto, quando pensava que a situação não podia ser pior, ela foi presenciada pela pessoa que menos queria ver em qualquer momento e em qualquer circunstância.  - O que estás a aqui a fazer?       Melody levantou o olhar do chão para os seus olhos frios. - Podia perguntar-te o mesmo.  - É Melody, certo? - ela assentiu, irritada. -  Ouve lá, Melody - ele apontou-lhe o dedo - eu espero que não me estejas a seguir. - O quê!?...

Underneath #4

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- Pela décima vez, mãe, eu estou bem - Troy refilou à entrada do consultório do médico de família. - Troy Evans - começou Charlotte, completamente farta do comportamento do seu filho. Fitou-o -, quando te chamarem para a consulta tu vais sentar-te na cadeira e contar-lhe tudo o que aconteceu para ele poder receitar algo para isto não voltar a acontecer. Estamos entendidos? - ela esperou até ele assentir para respirar fundo. - Ótimo. E o teu pai não faz a mais pálida ideia disto, ouviste?  - Está bem - murmurou.      Troy deixara a ilusão de estar bem cair na sua mente como uma folha cai duma árvore. O que ele ainda não se tinha apercebido era que essa ilusão, tal como a folha, caiu só para o distrair da imagem maior que ele ainda estava por descobrir.      Ao entrar no consultório, Troy sentiu um calafrio. O ar estava mais leve, puro e frio. Ouviu a sua mãe falar com a recepcionista. Ele foi sentar-se num dos sofás de dois lugares da sala, ...

Underneath #3

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     As aulas da manhã tinham acabado e Troy juntamente com Ryan foram até à sala das artes buscar Catarina para irem todos almoçar num café ali perto. - Catarina? - Troy chamou da porta da sala. - Estou aqui! Entrem - disse ela do fundo da sala.       O chão de madeira da sala tinha salpicos de tinta aqui e ali. A sala era larga e na parede paralela à porta erguiam-se uma fila de quatro janelas altas. Longas prateleiras decoradas com objectos pintados por alunos e professores, copos com pincéis, várias caixas onde se guardavam lápis de cor e cera, telas de tamanho A4 e livros sobre variados artistas encontravam-se encostadas nas paredes laterais.       Catarina encontrava-se no beco da sala, junto ao lavatório e à pilha de telas de tamanho grande. O cabelo castanho e longo estava apanhado num puxo com apenas uma mecha livre. O seu rosto tinha uma mancha de tinta e as suas mãos estavam todas pintadas, como já era habitual....