Valentine's Day AFDL Special: The Wedding #60

     Acordei com o meu lindo noivo na cama, com a camisa sem botões e aberta. Dormia profundamente. Tirei-lhe uma mecha de cabelo do rosto e beijei-lhe a bochecha. Ele logo abriu os seus olhos brilhantes devastados de sono.
- Já notei que a noite foi boa.
     Ele riu-se e beijou-me a mão.
- Bom dia. Como foi a tua? 
- Nada que se compare à tua pelos vistos - tirei os lençóis de cima de mim e levantei-me. - Mas consegui chegar a casa a tempo suficiente de ter o meu "sono de beleza" como diz a avó. 
     Olhei-me no espelho e felizmente não detectei nenhum círculo negro debaixo dos olhos ou uma borbulha que insistisse em aparecer. Lavei a cara e pelo canto do olho vi Sol levantar-se, despindo a camisa pelo caminho até mim. Senti o seu calor muito antes de ele me tocar. 
- Estás nervosa? Não consigo perceber.
- Não. Tu estás? - ele virou-me nas suas mãos e fitámos-nos.
- Estou - admitiu.
     Não consegui evitar o sorriso que me apareceu nos lábios. O grandioso Sol nervoso por se casar. Tinha a sua piada.
- Porquê? - perguntei-lhe, acariciando o seu rosto. - Tens medo do compromisso? 
- Não - abanou a cabeça. - Aceitei-o no momento em que te beijei pela primeira vez - ele encolheu os ombros. - Não sei. Acho que é a cerimónia em si. Quase cem pessoas, Luna. Cem! - ele abriu os olhos acusando-me do número absurdo de convidados. 
- O que foi? Se eu não convidasse a Marie, a Penélope não viria, e, sem ela o Paul nem chegaria a por os pés fora de casa - justifiquei-me. - Aliás, tu - coloquei o meu dedo indicador no seu peito - é que fizeste questão de convidar praticamente toda a gente da revista. 
     Sol desviou o olhar, sorrindo. Ele sabia da sua culpa.
- Bem, pelo menos sabemos que sobras não vão ser um problema. 
- Verdade.
     Ficámos envolvidos no silêncio durante um bocado, com os nossos sorrisos intactos e os olhos postos um no outro. 
- Mal posso esperar por me casar contigo - disse ele. 
- Eu também. 
     Conseguimos um beijo antes da avó e os rapazes nos separarem até a cerimónia começar. Quando a avó nos viu agarrados pegou na almofada e começou a esmurrar Sol para ele sair do quarto. Depois, o meu pai e o Mercúrio apareceram e levaram-no para fora pelos ombros. Minutos mais tarde, chegou o meu pequeno-almoço e a minha cabeleireira - Anna. A avó gostava muito dela e acabavam sempre por ficar a conversar sobre assuntos que eu já nem tentava entrar.
     Algumas horas mais tarde, as minhas amigas mais chegadas da revista - Helena e Darcy - chegaram, com os seus vestidos de dama de honor ainda fechados nos seus sacos. O meu cabelo já estava despachado e a Helena iria fazer-me a maquilhagem. Ela tinha um vício não tão secreto por maquilhagem e sempre que tinha oportunidade, usava-me a mim ou à Darcy como cobaia para experimentar uma nova sombra de olhos ou testar uma nova marca que ela encontrou. 
- Estás nervosa, Luna? - perguntou-me Darcy. 
- Surpreendentemente, não. Mas sabem que o Sol está? 
- A sério? - perguntou Helena, e fitou-me, incrédula. - Ele não parece o tipo nervoso. 
- Pois, acho que é por estar muita gente à volta dele - expliquei. - Está habituado só a um grupo pequeno de pessoas que ele conhece. Vai estar muita gente que ele ainda não conheceu a tentar tirar-lhe um bocado da atenção.
- Quando ele te vir no teu vestido, isso passa-lhe logo - disse Anna. 
- Espero que sim - respondi.





     Almocei com cuidado para não estragar a obra de arte da Helena. A maquilhagem que ela colocou não foi muito extravagante, como ela sabe que eu gosto, que realçou os meus olhos azuis claros e deu um toque mais vivo ao meu rosto. A avó e a Anna foram verificar com as equipas de decoração e catering se estava tudo bem e estava o que me descansou mais um pouco. A avó e a Anna é que estavam encarregue do que acontecia para lá do meu quarto. Acho que se estivesse de olhar para plantas ou três escolhas de flores dava em doida. Depois de comer e dar uma volta pelo jardim, Helena colocou-me o batom que completava a sombra dos olhos. Por fim, fui vestir o vestido que estava pendurado junto ao biombo branco.
     O meu vestido de noiva foi por algum tempo, uma pedra no meu sapato. Vasculhei cada canto de todas as lojas possíveis mas graças à avó e à sua paciência encontrei o meu perfeito vestido. Ela procurava em lugares que eu nem sonharia olhar e num desses cantos estava ele. Os quilos que perdi nos treinos de preparação contra Tema mantiveram-se perdidos o que beneficiou a minha confiança. E ao habituar-me à actividade, consegui manter um peso agradável. Não diria que era gorda, mas sempre tive alguns quilos a mais. Despi-me e entrei no vestido por baixo. Com cuidado, ajustei a parte de cima com o meu peito e fechei os invisíveis botões brancos da saia. Calcei os saltos brancos e prateados, saí e enfrentei as minhas amigas expectantes.
     Todas ficaram de boca aberta e sorriram.
- Estás linda, Luna - suspirou Darcy. 
- Magnifica! - exclamou Anna. - Perfeita! 
- O Sol vai desmaiar quando te vir assim - comentou Helena. 
- Obrigada - agradeci e a avó levou-me ao espelho alto de moldura dourada junto ao biombo.
     Encarei o meu reflexo: parecia uma princesa. O meu vestido branco, justo até encontrar a minha cintura, era aberto nas costas e as mangas iam até ao meu pulso. As mangas e os detalhes em torno da parte de cima eram em renda. O decote em V assentava na perfeição com o meu busto. A saia volumosa de estilo baile caia até ao chão formando um pequeno rebordo branco. As ondas do meu cabelo tinham sido mais definidas pelas mãos de Anna e estava preso num semi-apanhado atrás num nó sendo que o resto caía como uma cascata pelas minhas costas nuas. Uma mecha longa e ondulada saía de cada lado da minha orelha caindo até ao nível do meu peito. 
     Anna aproveitou para colocar um conjunto de pequenas flores brancas ao longo do nó no meu cabelo, ajustei o meu colar prateado da lua e do sol unificados e coloquei os brincos pérola. Minutos mais tarde, apareceu o meu pai no seu fato preto, que ficou mais emocionado do que eu pensava. Abraçou-me fortemente e fartou-se de me encher de elogios. Ele entregou-me também um colar de fio fino que pertenceu à minha mãe e colocou-me no meu pescoço. Depois começou a falar em como Sol tremia de nervosismo. Eu ri-me mas também estava a ficar afetada pelos nervos. Ninguém contestou ser ele a levar-me ao altar e quando tentei contar uma explicação esfarrapada, as minhas amigas perguntaram-me porque nunca tinha falado do meu irmão mais velho. De facto, eu e o meu pai somos muito parecidos: eu fui buscar maior parte das minhas feições a ele. Portanto se alguém perguntasse, Plutão era meu irmão, apesar de ele agora aparentar ter quase uns trinta anos. Ultimamente, ele tinha usava olheiras debaixo dos olhos que não se dava ao trabalho de esconder.
     Helena e Darcy vestiram os seus vestidos de dama de honor, um vestido bonito e confortável o suficiente para dançar. A avó e Anna também desapareceram durante um pouco para se irem arranjar. Helena prendeu o seu cabelo loiro e comprido num apanhado baixo. Darcy levantou a franja para cima e deixou o cabelo curto liso como de costume. A avó também juntou-se a mim com um semi-apanhado e colocou uma flor no cabelo. Anna prendeu os seus cabelos escuros num rabo de cavalo arrojado que lhe assentava como uma luva. 
     O relógio marcou as duas e meia da tarde e os primeiros convidados começaram a chegar. A Helena e a Darcy ficaram comigo enquanto que a avó e a Anna foram dar boas vindas aos convidados. Terra e Urano ofereceram-se para deixarem os convidados confortáveis apesar de eu insistir que este último ficasse quieto no seu lugar. 
     Conforme a meia hora ia passando, eu ia ficando cada vez mais nervosa e sabia que Sol sentia-se da mesma forma. As minhas pernas tremiam e comecei a ter arrepios gelados. Tinha mil e um pensamentos na minha cabeça: e se caísse? e se vomitasse o meu almoço? e se eu começar a suar e ficar com um cheiro terrível? 
- Luna, estás a deixar-me tonto - reclamou o meu pai. - Tem calma. Respira fundo. Estou mais nervoso que tu.
- Não, estás não.
- Estou sim - fitou-me e eu apercebi-me que ele talvez estivesse. 
     Assenti e respirei fundo. Dez minutos. Oito minutos. Cinco minutos. Três minutos. Um minuto. 
     A música começou a tocar. Helena ajeitou o meu véu e ela e Darcy apertaram-me o ombro, nervosas e entusiasmadas. Agarrei com força o meu bouquet de cravos brancos e o braço forte do meu pai. Coloquei um pé à frente do outro e respirando fundo, disse-me a mim mesma que bastava repetir o mesmo processo até chegar ao altar. Continua, Luna... Isso mesmo. O caminho estava repleto de pétalas brancas. Estávamos a segundos do caminho em frente ao altar. Bastava contornar o pequeno conjunto de árvores adiante. 
- Não te vou deixar cair, não te preocupes - assegurou o meu pai antes de encararmos os convidados. 
     Virámos o arvoredo no caminho salpicado de pétalas e o meu olhar parou logo em Sol, lindo no seu fato creme com o cabelo puxado para trás. Só queria despachar-me para poder abraçá-lo e aquecer-me nos seus braços. Os seus olhos âmbar abriram-se ao verem-me e ele passou a mão pela boca aberta. Parecia ter visto a jóia mais bela, um mar de estrelas, infinitas luas. Soltou um Uau! sem som. Mercúrio colocou a mão no ombro dele e sorriu para mim. Sol recompôs-se e com as mãos juntas de novo, ficou a ver-me caminhar até ele. Os meus olhos percorreram por instantes os convidados, reparei na fotógrafa num canto, e depois voltei a procurar segurança em Sol. O caminho pareceu encurtar-se porque quando notei, estava frente a frente com o meu quase marido. Ele aproximou-se para sussurrar algo no meu ouvido e virei o rosto. 
- Estás tão bonita, Luna - murmurou ele. 
     Sorri. 
- E tu estás perfeito. 
     Neptuno concordou em selar o nosso casamento e quando ele começou a falar, em desliguei completamente. O meu foco estava nos olhos do meu Tal. E o foco de Sol estava em mim. À nossa volta ninguém existia. Éramos só nós, rodeados de felicidade e amor, na nossa pequena bolha ligados por um fio dourado, inquebrável, infinito, invencível... 
- Luna - ouvi o meu nome e o meu olhar desviou-se para Neptuno -, aceitas Sol como teu marido? 
- Aceito - respondi. 
- Sol, aceitas Luna como tua esposa? 
- Aceito. 
     O meu pai e Mercúrio deram-nos as alianças e, após respirar fundo, Sol disse os seus votos. 
- Luna - fitou e pegou-me na mão -, és a minha esposa a partir de hoje e prometo ficar ao teu lado no bem e no mal - disse num cântico lento -, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença - o anel dourado movia-se lentamente pelo meu dedo anelar. - Prometo honrar-te e amar-te até para além da morte, independentemente de tudo.
     Os meus olhos estavam a encher-se de lágrimas. Tinha uma felicidade enorme no meu peito, algo indescritível que queria desesperadamente sair. Sorri e respirei fundo. Era a minha vez. Senti-me mais nervosa que nunca mas também segura das minhas palavras. 
- Sol - peguei-lhe na mão quente -, prometo-te uma vida ao meu lado, como tua esposa, no bem e no mal, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença - o anel deslizou até ao final do dedo. - Prometo honrar-te e amar-te até para além da morte - fitei-o, presa nos seus olhos, no seu amor - independentemente de tudo. 
- Declaro-vos, por fim, marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva - declarou Neptuno.
     Não foi preciso dizer mais. Saltei para o pescoço de Sol e provei dos seus lábios pela inúmera vez. Naquele momento, eu tornei-me sua esposa e ele meu marido. Naquele momento, unimos de outra forma as nossas vidas para sempre. Caiu-me uma lágrima e sorri antes de ele se afastar. Fitei os olhos dourados dele e roubei-lhe um beijo rápido. Depois reparei nos convidados que estavam de pé e a aplaudir. Vi Urano assobiar e Saturno a acenar vivamente para nós. A avó saltou-me à vista e sorria para nós com uma felicidade imensa. 
     Momentos depois saímos do altar e fomos para a zona onde iríamos passar o resto da noite. Estava lindamente decorada e preenchida de mesas redondas com arranjos de flores delicados. Havia pétalas brancas por quase toda a parte e de noite, as pequenas luzinhas envolvidas nas colunas de madeira entorno e em cima das mesas, iluminariam de forma mágica o local. Num dos lados estava uma pista de dança que daqui a alguns momentos, eu e Sol iríamos estrear. Estava um dia bonito, com um céu azul e um calor agradável, a brisa a passar rente às folhas das árvores que nos rodeavam.
     Até colocar os pés na pista de dança com Sol, tudo foi aconteceu muito depressa. Só me lembro de sentir os seus braços à minha volta e de estar a rodopiar ao comando dele. As aulas que tirámos compensaram porque não pisei no pé dele nenhuma vez e acompanhei-o com facilidade. Aquele momento marcou o meu conto de fadas, tudo estava perfeito. Eu sentia-me perfeita, completa, feliz. Sentia tudo de bom no mundo. 
     No meu ouvido ele sussurrou: - Quero parar o momento aqui e agora. 
- Eu também - respondi. - Mas assim não podemos ter os cinco filhos que tanto queres - brinquei.
     Afastou-se, sorrindo, e fitou-me, com a mão na minha, o corpo ainda colado ao meu.
- Eu amo-te tanto - disse ele. - Tanto, tanto, tanto - aproximou-se de mim e começou a dar-me incontroláveis beijos à esquimó - tanto, tanto, tanto. 
     O meu riso era tão alto quanto a música que estava a tocar. Algumas pessoas pararam de dançar e ficaram a olhar para nós com sorrisos hesitantes nos rostos. Depressa começaram a dançar de novo e lentamente, toda a gente veio dar-nos felicidades. 
     Não era estranho tratar o Sol por marido, era apenas novo: um território completamente indomado que eu estava ansiosa por domesticar. Quando dei por mim usufruía dessa palavra para qualquer coisa que me dissessem. 
- Queres um petisco, Luna? 
- Não, o meu marido já foi buscar. 
- Que música queres ouvir agora? 
- O meu marido está a escolher.
- Felicidades para ti e para o Sol!
- Eu e o meu marido agradecemos.
     Estava a gozar tanto da palavra que Mercúrio passou o resto da noite a imitar-me chamando Sol de marido com uma voz muito mais fina que a minha. Mas eu também reparei que várias colegas do escritório que vieram estavam muito entretidas a olharem para ele e que a avó estava prestes a matá-las com o olhar e ele parecia muito aflito a tentar controlar a situação. Portanto usei isso como uma vantagem e ele desde então moderou as gracinhas.





     Algo na avó despertou quando ela pisou a pista de dança com Mercúrio. Independentemente da música, ela continuava a criar movimentos e rotinas, danças que apenas Mercúrio conseguia acompanhar. Na hora do jantar, na mesma altura dos discursos, ela sentou-se na sua cadeira e lá ficou até ter renovado as suas energias. Mercúrio então começou a "dançar" com Urano.
     Todos à nossa volta pareciam estar a divertir-se tirando o maior Planeta do Sistema Solar: Júpiter. Neptuno e Urano ficavam à roda dele pedindo alguma excitação por parte dele mas o homem ficou sentado na sua cadeira, apreciando a pista de dança de longe, sorrindo ao ver as palhaçadas dos outros Planetas e bebendo uma cerveja. Ele tinha-nos dado felicidades pelo casamento, às vezes comentava em certos assuntos e ria-se. Mas mais nada para além disso.
     Já tinha conhecido Saturno, encontrámos-nos uma ou duas vezes. Contudo, nesta noite conheci-o verdadeiramente. Parecia um miúdo de dezanove anos, um pouco mais baixo que eu, de origem latina. Os seus olhos verdes-acastanhados brilhavam e o seu riso era contagiante. Ele era uma autêntica bola de energia e entusiasmo e por muito novo que parecesse, conhecia o mundo quase de cor, qualquer mundo. Formei uma amizade com ele naquela noite e conseguia afirmar, e era das poucas, que o chamava de Sam.
     Outro Planeta com quem me aproximei foi Terra. Ela e Mercúrio tinham um historial que eu não queria saber mas dava-se bem como todos os outros. Ela era uma representação nova, com um pouco mais de cem anos. Como Saturno, mostrava ser mais sábia do que aparentava. A sua simpatia fazia-me sentir como se a conhecesse à anos e anos.
     A noite do meu casamento resumiu-se a um grande convívio entre os Planetas e o colegas do meu trabalho, a união entre mim e Sol e aos movimentos de dança da avó. No final da tarde, Urano já tinha mais de metade dos números dos meus colegas, masculinos ou femininos, e gabava-se disso com muito orgulho. Neptuno fazia soltar suspiros pelo grupo feminino e a quantidade de perguntas que recebi acerca dos Planetas foi tanta que atenção desviou-se para eles em certos momentos. Não me atrevi a ficar bêbada, a minha noite não ia acabar ali, mas admito que bebi mais do que o costume. Já Mercúrio e Urano... Bem, digamos que se não fosse a avó e o Neptuno, os dois teriam acabado por ficar a dormir na relva, nus e molhados devido ao sistema de rega.





     Meio a dormir, meio acordada, entrei no quarto no colo do meu marido. Ele estava a rir e eu ri-me também. 
- Pára - pedi-lhe. 
- Faz-me o favor de acordar! - exclamou. - A nossa noite ainda não acabou. 
- Tenho a certeza que a noite já acabou... Consigo ver-te a subir pelo céu - sorri, fechando os olhos sonolentos. 
     Ele voltou a rir-se e colocou-me na cama. Sentia-me mole e cheia de sono. Larguei os sapatos que caíram no chão. Vi Sol tirar a gravata já desenlaçada e a camisa branca. Lançou-se sobre a cama com um salto e colocou a almofada entre os braços para apoiar a cabeça. 
- Que tal tirares esse vestido? - sugeriu. 
- E eu que achava que isto era o pijama perfeito - respondi com sarcasmo. 
- Eu sou o pijama perfeito - disse ele, chegando-se mais perto. 
     Virei-me na cama e perguntei-me como consegui andar com este vestido a noite toda. Tinha a bebida a pesar-me no corpo inteiro. Fitei-o por momentos e tornei a fechar os olhos. 
- Não tenho forças nenhumas. 
- Eu estou cheio de energia. 
- Então aqui tens a tua primeira tarefa como meu marido: despe-me - pedi, já nem a ver direito. - Eu vou adormecer daqui a nada... - murmurei com um bocejo.
- Estás a dar-me sono, Luna - disse ele. - Não faças isso - o sorriso na voz dele era nítido.
     Sorri. 
- Ainda bem. Não quero dormir sozinha. 
     Ele mexeu-se e agarrou-me. Coloquei os braços à volta dos seus ombros. Tirou-me as mangas dos braços lentamente e desabotoou a saia com delicadeza. Ele arrastou o vestido pelas minhas pernas abaixo e eu deitei-me, colocando os lençóis sobre mim. Sol pendurou o vestido com cuidado no seu cabide junto ao biombo.
- Agora vem cá - murmurei. - Tenho frio sem ti. 
     Assim o fez. Despiu as calças e enfiou-se nos cobertores comigo. Em minutos tinha adormecido nos braços dele com as carícias pelo meu cabelo negro e ondulado ouvindo-o sussurrar o quanto me amava e como esta noite tinha sido perfeita. Guardei imediatamente  aquele momento como o meu preferido: segura e quente nos seus braços, envolvida no seu cuidado e carinho, demonstrando mais amor do que qualquer outra coisa no mundo. 

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