Underneath: Qaya #24
O primeiro Planeta do Sistema Solar retornou à sua galáxia em busca do impossível. Mercúrio percorreu a galáxia e parou onde a Via Láctea e Lymph se encontravam. As estrelas naquela zona eram bastante reluzentes causando uma confusão multicolorida. Viajar entre galáxias não era fácil. Simplesmente tocar na orla da galáxia seguinte causava dores e agonias tremendas a quem se atrevesse a passar. Nem mesmo Sol é capaz de o fazer. Como Tema tinha conseguido era um mistério. Só que Mercúrio estava disposto a sofrer fosse o que fosse para proteger as suas Melody e Violet da reencarnação do Tema.
A orla de Lymph brilhava em tons de azul, branco, vermelho e castanho que se diluía com as cores escuras do Universo. Mercúrio lançou-se sobre a luz e ao tocar nela, sentiu o seu corpo ser ferido por infinitos golpes. A sensação era como se alguém estivesse a cortar-lhe a carne e a luz queimava-a. Mercúrio engoliu um grito e não cedeu. Continuou a avançar e começaram a aparecer feridas verdadeiras. Ele sentia que estava a ser chicoteado, milhares de vezes por segundo, e a raiva que tinha dentro si não lhe deu energia nenhuma desta vez. Nada o ia impedir de salvá-las e ele continuou, marchando e empurrando a orla da galáxia, tentando encontrar qualquer possibilidade de entrada.
De súbito, ele sentiu uma dor aguda a meio do peito. Como se uma flecha tivesse atravessado o seu corpo duma vez só e tivesse deixado um buraco aberto para contar o seu trajecto. O golpe paralisou-o completamente e Mercúrio foi projectado da orla para fora ficando a flutuar no espaço. Os seus olhos não piscavam e estavam bem abertos. Os dedos mal se mexiam e a boca estava paralisada. Um fio de sangue escorria pela sua boca e apesar de não conseguir mover um músculo, ele teletransportou-se para o único local a que chamava de casa.
Ele recuperou os sentidos muito lentamente. Primeiro veio a audição que captou uns sons familiares. Depois a visão começou a focar-se, o tacto veio a seguir e ele sentiu o macio do sofá onde estava. Por fim, veio o olfato e o paladar. Tinha um gosto a metal na boca e a língua seca. Piscou os olhos muito rápido e virou a cabeça para o lado. A dor não demorou a manifestar-se no corpo dele.
Ao seu lado estava Luna, com os olhos fechados e com as mãos dela na sua. Ele viu as lágrimas a brilharem no rosto dela e, sinceramente, não percebeu porquê.
- Luna - chamou ele, baixinho e roucamente.
- Mercúrio. Graças a Deus, estás bem - Luna debruçou-se sobre ele e abraçou-o.
Mercúrio pousou a mão no torso dela para que não se aproximasse demasiado. O corpo doía-lhe imenso.
- Pregaste-me um susto, Mercúrio. Pensava que não ias... - calou-se e começou a chorar de novo. - Olha para ti! O que estavas a pensar? Queres matar-te? Não voltes a fazer isso, estás a ouvir-me? Nunca! - colocou a mão na boca a tentar conter o choro. A mão esquerda dela estava a apertar a dele com muita força.
- Luna... - sussurrou, surpreso com a reação dela.
Mercúrio não conseguia perceber como é que ela podia estar tão aflita com ele. Ainda há umas horas estavam prestes a ter uma discussão terrível e há semanas que discutiam. Ele tinha feito um disparate tremendo, quase se matara, e ali estava ela, a chorar por causa dele. Luna estava preocupadíssima com ele apesar de toda a estupidez que fez. Ele sentia que não merecia.
- Luna, eu... Desculpa - disse.
- Espero que isso seja sincero - balbuciou ela. Assoou-se. - Estás tão fraco que os teus olhos voltaram a ser da cor original. Estás a perceber em que situação te colocaste? Porque fizeste isto?
- Eu só quero salvá-las, Luna - suspirou. Falar custava-lhe. - Elas são um pedacinho vivo da minha menina e da minha Irmã - a voz enfraqueceu um pouco, como se ele fosse chorar. - Não quero perdê-las outra vez.
- Eu também não. Elas são as minhas filhas, e não há nada que eu não faria. Mas o que tu fizeste é suicídio. Por favor, promete-me que não vais voltar a fazer isto. Por favor - suplicou-lhe. - Não te posso perder. Elas não te podem perder - agarrou-lhe a mão.
- Desculpa - disse ele. - Não te queria preocupar.
- Vais sempre preocupar-me, porque és família. - Luna ficou a fitá-lo antes de beijar-lhe a bochecha. - Descansa que bem precisas.
Luna acariciou-lhe o rosto e levantou-se. Foi em direção à cozinha deixando-o sozinho com os seus pensamentos. Mercúrio, depois de hoje percebeu que não podia simplesmente arriscar tudo. Havia muito em jogo e ele não queria perder nada nem ninguém, muito menos prejudicar e magoá-los. Outra coisa que lhe passou pela cabeça foi que se os seus olhos realmente voltaram a ser da cor original, o seu rosto devia estar a criar rugas e com um certo envelhecimento. Devia estar a parecer um homem de trinta e cinco anos. Ele suspirou. Tentou mexer-se no sofá mas parecia que tinha uma tonelada a esmagar-lhe os ossos. Decidiu deixar-se estar e fechou os olhos com os rostos da sua família em mente e então, adormeceu outra vez.
◄◊►
Ele recuperou os sentidos muito lentamente. Primeiro veio a audição que captou uns sons familiares. Depois a visão começou a focar-se, o tacto veio a seguir e ele sentiu o macio do sofá onde estava. Por fim, veio o olfato e o paladar. Tinha um gosto a metal na boca e a língua seca. Piscou os olhos muito rápido e virou a cabeça para o lado. A dor não demorou a manifestar-se no corpo dele.
Ao seu lado estava Luna, com os olhos fechados e com as mãos dela na sua. Ele viu as lágrimas a brilharem no rosto dela e, sinceramente, não percebeu porquê.
- Luna - chamou ele, baixinho e roucamente.
- Mercúrio. Graças a Deus, estás bem - Luna debruçou-se sobre ele e abraçou-o.
Mercúrio pousou a mão no torso dela para que não se aproximasse demasiado. O corpo doía-lhe imenso.
- Pregaste-me um susto, Mercúrio. Pensava que não ias... - calou-se e começou a chorar de novo. - Olha para ti! O que estavas a pensar? Queres matar-te? Não voltes a fazer isso, estás a ouvir-me? Nunca! - colocou a mão na boca a tentar conter o choro. A mão esquerda dela estava a apertar a dele com muita força.
- Luna... - sussurrou, surpreso com a reação dela.
Mercúrio não conseguia perceber como é que ela podia estar tão aflita com ele. Ainda há umas horas estavam prestes a ter uma discussão terrível e há semanas que discutiam. Ele tinha feito um disparate tremendo, quase se matara, e ali estava ela, a chorar por causa dele. Luna estava preocupadíssima com ele apesar de toda a estupidez que fez. Ele sentia que não merecia.
- Luna, eu... Desculpa - disse.
- Espero que isso seja sincero - balbuciou ela. Assoou-se. - Estás tão fraco que os teus olhos voltaram a ser da cor original. Estás a perceber em que situação te colocaste? Porque fizeste isto?
- Eu só quero salvá-las, Luna - suspirou. Falar custava-lhe. - Elas são um pedacinho vivo da minha menina e da minha Irmã - a voz enfraqueceu um pouco, como se ele fosse chorar. - Não quero perdê-las outra vez.
- Eu também não. Elas são as minhas filhas, e não há nada que eu não faria. Mas o que tu fizeste é suicídio. Por favor, promete-me que não vais voltar a fazer isto. Por favor - suplicou-lhe. - Não te posso perder. Elas não te podem perder - agarrou-lhe a mão.
- Desculpa - disse ele. - Não te queria preocupar.
- Vais sempre preocupar-me, porque és família. - Luna ficou a fitá-lo antes de beijar-lhe a bochecha. - Descansa que bem precisas.
Luna acariciou-lhe o rosto e levantou-se. Foi em direção à cozinha deixando-o sozinho com os seus pensamentos. Mercúrio, depois de hoje percebeu que não podia simplesmente arriscar tudo. Havia muito em jogo e ele não queria perder nada nem ninguém, muito menos prejudicar e magoá-los. Outra coisa que lhe passou pela cabeça foi que se os seus olhos realmente voltaram a ser da cor original, o seu rosto devia estar a criar rugas e com um certo envelhecimento. Devia estar a parecer um homem de trinta e cinco anos. Ele suspirou. Tentou mexer-se no sofá mas parecia que tinha uma tonelada a esmagar-lhe os ossos. Decidiu deixar-se estar e fechou os olhos com os rostos da sua família em mente e então, adormeceu outra vez.
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Troy e o grupo caminharam por uma rua com apenas duas direções durante horas. Finalmente encontraram uma pequena aldeia saída do Antigo Egipto. As ruas eram em pedra com alguma areia e pó sobre ela. As casas eram feitas de um material resistente e forte, com tectos planos. Por todo o lado viam-se bancas de comércio, onde se vendiam as mais variadas coisas. As pessoas, surpreendentemente, olhavam para eles com um certo carinho nos olhos e nunca de lado. Todas elas tinham um tom de pele similar, um tom rico acastanhado, com brilhantes olhos das mais variadas cores. Usavam roupas leves apesar de terem o corpo quase todo coberto.
Ao caminhar pelas ruas, a fome e o cansaço atingiram-os. As humildes barracas de fruta e vegetais davam água na boca e o cheiro a pão inundava o ar em certos pontos da rua. Troy tentava falar com eles mas não percebiam o que ele dizia. Melody até tentou falar em espanhol e francês. Violet atreveu-se a dizer umas palavras em alemão mas não obtiveram nenhuma resposta. Qaya também parecia tê-lo ignorado e Troy não sabia dizer se era um bom ou mau sinal.
Ao caminhar pelas ruas, a fome e o cansaço atingiram-os. As humildes barracas de fruta e vegetais davam água na boca e o cheiro a pão inundava o ar em certos pontos da rua. Troy tentava falar com eles mas não percebiam o que ele dizia. Melody até tentou falar em espanhol e francês. Violet atreveu-se a dizer umas palavras em alemão mas não obtiveram nenhuma resposta. Qaya também parecia tê-lo ignorado e Troy não sabia dizer se era um bom ou mau sinal.
Um rapaz, que parecia ter entre dezasseis e dezoito anos, chamou a atenção do grupo e ele guiou-os até a um jardim com uma elegante fonte no centro. Não proferiu uma palavra a não ser o seu nome - Órion - ou pelo menos eles assumiram que o era. Órion desapareceu por uns momentos e quando voltou trouxe um saco, decorado à mão, com comida, e nos seus ombros pendiam cordas que na ponta seguravam pequenos contentores de água. Órion começou a falar numa língua que demonstrava ser muito antiga e desconhecida para todos eles. Melody ainda tentou procurar semelhanças nas palavras dele com as palavras que ela conhecia, mas nada. O grupo, de qualquer maneira, aceitou a comida e a água. O rapaz guiou-os até uma câmara com bancos de pedra adjacentes às paredes completamente pintadas de símbolos do Planeta Qaya. Apesar da semelhança aos símbolos egípcios, nada se comparava àqueles símbolos. Eram únicos e tão bem traçados que nem pareciam estar dispostos numa parede. Órion sorriu ao ver o brilho nos olhos do grupo e fez um gesto para eles se sentarem e comerem. O rapaz sabia que eles não percebiam a sua linguagem mas tentou dar-lhes um sinal de que não era só um ajudante.
- Tema - balbuciou. Logo obteve a atenção do grupo inteiro. Levantou-se e apontou para o símbolo que se encontrava mesmo no topo da parede. Lá encontrava-se o símbolo que Troy tinha marcado no peito. Troy instintivamente colocou a mão sobre a zona da marca e levantou-se, tentando perceber aqueles símbolos todos.
- Consegues entender-me? - perguntou ele.
Órion assentiu, vagarosamente. Não o percebia totalmente, apenas o suficiente.
- Os meus Planetas. Onde estão? - articulou.
O rapaz apontou para os três símbolos, abaixo do seu, na parede. Silver era o primeiro Planeta e a sua marca era um S atravessado por um traço na horizontal. A parte de baixo do S era mais redonda que a de cima. A marca de Qaya assemelhava-se ao símbolo do Tema, sendo que a diferença era o risco branco que atravessava o outro círculo mais pequeno na horizontal. Troy pensou que parecia uma pokebola minimalista. O símbolo de Noir era o último e era composto por dois traços horizontais dispostos à mesma distância que continham um S ao contrário. Como no símbolo da Silver, a parte debaixo do S era redonda formando uma espiral curta. Por baixo dos símbolos haviam muitos outros que se centravam em Qaya e Troy percebeu que era a história do desenvolvimento humano naquele planeta. Se Qaya era o único planeta produtor era óbvio que seria o único com humanos a habitá-lo. No entanto, pelo que ele viu, as pessoas pareciam estar a viver duma maneira muito mais antiga que os humanos da Terra. Ele desejou que se mantivessem assim.
- Devíamos ir - disse Melody, discretamente.
- Para onde?
- Não sei. Não podemos ficar aqui para sempre - respondeu-lhe.
- Tema - chamou Órion. Troy detestava que o chamassem por aquele nome, mas o rapaz não sabia o seu nome verdadeiro pelo que deixou passar. Órion apontou para um desenho minimalista de um edifício com um livro aberto no meio. - Phjalk Libertyr - disse ele, na língua incompreensível.
- Uma biblioteca! - exclamou Violet. - Pode ser que haja respostas às nossas perguntas lá.
- Sim, e como vão descobrir onde essa biblioteca fica, génios?
- Fácil. Órion - começou Troy -, onde fica a Ph...
- Phjalk Libertyr - ele começou a andar e dirigiu-se à fonte. Pôs-se de pé na borda da fonte e fez sinal para eles fazerem o mesmo. Troy colocou-se ao lado dele. Para lá de todas as casas baixas ele viu um belo edifício dourado que reluzia com a luz do astro do Planeta - Phjalk Libertyr.
- Subam! - disse. As raparigas olharam para ele, incertas. - Não se preocupem que não se molham.
- Só vejo um brilho dourado - resmungou Melody.
- Queres que te levante? - perguntou Ryan. A sua pergunta apanhou-a muito de surpresa.
Melody não lhe respondeu, olhou para outro lado e para Ryan Bennett isso foi um sim. Ele ajeitou-se na borda da fonte e agarrou-a pelas pernas. Quando se deu conta, Melody já estava a ser levantada no ar com os braços à volta do pescoço de Ryan e com o rosto dele a três centímetros do seu.
- Consegues ver melhor? - perguntou ele, nada constrangido.
Ela desviou o olhar dos olhos azuis dele e virou-se para a biblioteca. Conseguia ver a parte superior do edifício e o friso decorado, agora.
- Sim, obrigada - ele sorriu. - Podes...
- Oh, pois é - ele pousou-a e desceu da fonte. Estendeu-lhe a mão - Queres ajuda?
- Não, estou bem, obrigada - disse.
- Obrigado Órion - disse Troy. - Vamos agora fazer o nosso caminho.
- De chinelos? - perguntou Ryan.
Órion desapareceu outra vez e quando apareceu guiou-os para uma casa. Entraram e lá esperaram. A partir da entrada via-se o pátio interior aberto, decorado com uma fonte e plantas. Havia frescos coloridos pelo chão e pelas paredes. Órion voltou com roupas. As raparigas receberam uma túnica e calças justas que iam até a meio da canela. Os rapazes receberam uma camisola feitas com um tecido leve, de mangas compridas e largas até a meio do braço, um pouco antes do pulso e calças. Os dois dobraram as calças até quase a meio da canela e colocaram as camisola ligeiramente para dentro das calças.
- Só gostava de voltar a usar roupa actual - dizia Ryan a colocar a camisola.
O grupo recebeu um saco com mantimentos e prosseguiu para a Phjalk Libertyr.
- Tema - balbuciou. Logo obteve a atenção do grupo inteiro. Levantou-se e apontou para o símbolo que se encontrava mesmo no topo da parede. Lá encontrava-se o símbolo que Troy tinha marcado no peito. Troy instintivamente colocou a mão sobre a zona da marca e levantou-se, tentando perceber aqueles símbolos todos.
- Consegues entender-me? - perguntou ele.
Órion assentiu, vagarosamente. Não o percebia totalmente, apenas o suficiente.
- Os meus Planetas. Onde estão? - articulou.
O rapaz apontou para os três símbolos, abaixo do seu, na parede. Silver era o primeiro Planeta e a sua marca era um S atravessado por um traço na horizontal. A parte de baixo do S era mais redonda que a de cima. A marca de Qaya assemelhava-se ao símbolo do Tema, sendo que a diferença era o risco branco que atravessava o outro círculo mais pequeno na horizontal. Troy pensou que parecia uma pokebola minimalista. O símbolo de Noir era o último e era composto por dois traços horizontais dispostos à mesma distância que continham um S ao contrário. Como no símbolo da Silver, a parte debaixo do S era redonda formando uma espiral curta. Por baixo dos símbolos haviam muitos outros que se centravam em Qaya e Troy percebeu que era a história do desenvolvimento humano naquele planeta. Se Qaya era o único planeta produtor era óbvio que seria o único com humanos a habitá-lo. No entanto, pelo que ele viu, as pessoas pareciam estar a viver duma maneira muito mais antiga que os humanos da Terra. Ele desejou que se mantivessem assim.
- Devíamos ir - disse Melody, discretamente.
- Para onde?
- Não sei. Não podemos ficar aqui para sempre - respondeu-lhe.
- Tema - chamou Órion. Troy detestava que o chamassem por aquele nome, mas o rapaz não sabia o seu nome verdadeiro pelo que deixou passar. Órion apontou para um desenho minimalista de um edifício com um livro aberto no meio. - Phjalk Libertyr - disse ele, na língua incompreensível.
- Uma biblioteca! - exclamou Violet. - Pode ser que haja respostas às nossas perguntas lá.
- Sim, e como vão descobrir onde essa biblioteca fica, génios?
- Fácil. Órion - começou Troy -, onde fica a Ph...
- Phjalk Libertyr - ele começou a andar e dirigiu-se à fonte. Pôs-se de pé na borda da fonte e fez sinal para eles fazerem o mesmo. Troy colocou-se ao lado dele. Para lá de todas as casas baixas ele viu um belo edifício dourado que reluzia com a luz do astro do Planeta - Phjalk Libertyr.
- Subam! - disse. As raparigas olharam para ele, incertas. - Não se preocupem que não se molham.
- Só vejo um brilho dourado - resmungou Melody.
- Queres que te levante? - perguntou Ryan. A sua pergunta apanhou-a muito de surpresa.
Melody não lhe respondeu, olhou para outro lado e para Ryan Bennett isso foi um sim. Ele ajeitou-se na borda da fonte e agarrou-a pelas pernas. Quando se deu conta, Melody já estava a ser levantada no ar com os braços à volta do pescoço de Ryan e com o rosto dele a três centímetros do seu.
- Consegues ver melhor? - perguntou ele, nada constrangido.
Ela desviou o olhar dos olhos azuis dele e virou-se para a biblioteca. Conseguia ver a parte superior do edifício e o friso decorado, agora.
- Sim, obrigada - ele sorriu. - Podes...
- Oh, pois é - ele pousou-a e desceu da fonte. Estendeu-lhe a mão - Queres ajuda?
- Não, estou bem, obrigada - disse.
- Obrigado Órion - disse Troy. - Vamos agora fazer o nosso caminho.
- De chinelos? - perguntou Ryan.
Órion desapareceu outra vez e quando apareceu guiou-os para uma casa. Entraram e lá esperaram. A partir da entrada via-se o pátio interior aberto, decorado com uma fonte e plantas. Havia frescos coloridos pelo chão e pelas paredes. Órion voltou com roupas. As raparigas receberam uma túnica e calças justas que iam até a meio da canela. Os rapazes receberam uma camisola feitas com um tecido leve, de mangas compridas e largas até a meio do braço, um pouco antes do pulso e calças. Os dois dobraram as calças até quase a meio da canela e colocaram as camisola ligeiramente para dentro das calças.
- Só gostava de voltar a usar roupa actual - dizia Ryan a colocar a camisola.
O grupo recebeu um saco com mantimentos e prosseguiu para a Phjalk Libertyr.
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A escuridão não tardou a toldar o céu. Em Qaya, o céu parecia um mar cristalino e puro de estrelas e luzes. Nada como na Terra que apenas se vê uma certa quantidade de luzes. Troy sugeriu que parassem para dormir mas não tinham onde. Àquela hora, não estava ninguém nas ruas. A biblioteca parecia estar a milhas apesar de ser impossível. Era suposto terem lá chegado antes do anoitecer e nem deviam ter demorado mais que duas horas, aliás. Melody estava a chateá-los a todos com as resmungas dela. Precisavam de descanso.
O grupo andou mais uns vinte minutos e encontraram uma casa abandonada. Não tinha mobília mas numa grande sala estava uma mesa e num canto um conjunto de lençóis, panos, mantas e cobertores.
- Podemos ficar aqui? - perguntou Catarina, já a dormitar.
- Por mim tudo bem - respondeu-lhe Troy.
- Está bem. Mas partimos logo de manhã. Ouviram?
- Sim, Mel.
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