Underneath #0
Charlotte abriu as janelas. O sol brilhava, o cheiro a sal e a frescura do mar chocaram com o seu rosto. Ela sorriu.
- Rapazes! Vamos lá, acordem! - Charlotte berrou a caminho da cozinha.
O primeiro a acordar foi o seu marido, Steve, que lhe deu um beijo no rosto antes de lhe dizer bom dia. Depois de ambos estarem vestidos e terem tudo pronto foram acordar o pequeno Troy que teimava em ficar na cama. Era o décimo aniversário dele. Charlotte e Steve escolheram uma prancha novinha em folha para ele. Agora, Steve podia ensinar-lhe alguns truques mais avançados que nunca tiveram oportunidade de experimentar.
Assim que Troy acordou e soprou as dez velas do seu bolo, de ananás e chantilly, eles foram a caminho da praia. Durante o caminho o ar foi preenchido por risos e animação. Charlotte levava um cesto cheio com as comidas preferidas de Troy, água, sumos e sobremesas, e uma grande toalha vermelha e branca. Steve colocara Troy nos seus ombros e fingia ser um avião comandado pelo pequeno. Naquele dia de verão tudo o que eles conheciam e o que não conheciam estava prestes a colidir e o mundo como o sabiam nunca mais iria ser o mesmo.
Depois de tomarem o pequeno almoço, Steve foi buscar a prancha nova de Troy. Assim que ele viu aquele enorme embrulho soube que era a sua ansiada prancha. Os olhos azul-esverdeados de Troy brilharam enquanto abria aquele presente. Era o único que importava. Steve e Charlotte aproximaram-se um do outro e observaram o seu filho. Ele estava tão radiante.
- Então, o que achas?
- O que eu acho?! É a melhor prancha de sempre, pai - respondeu. - Podemos ir para a água, mãe?
- Acabaste de comer, Troy.
- Charlotte, vá lá - disse Steve a fazer beicinho.
Troy sorria-lhe e fazia-lhe olhinhos de cão abandonado.
- Pronto, pronto. Vão lá - os dois vieram dar-lhe um beijo. - Mas se sentirem o mínimo de dor no estomago saiam imediatamente da água! - exclamou Charlotte, mas os dois desligaram-se completamente dela assim que correram para a água.
A brisa dançou por entre os cabelos loiros de Troy e deu-lhe uma energia imensa. Ele e o seu pai competiam pela próxima onda e Troy conseguiu vencê-lo dando o máximo que podia, mesmo que fosse uma única vez. Já por outro lado, quem não estava assim com tanta alegria era Charlotte que tinha o coração nas mãos sempre que os seus dois iam para a água. No entanto, vê-los a sorrir e a divertirem-se acalmava-a um pouco. Só que então avistou algo... alguém... a cair do céu para a água. Charlotte ficou chocada a olhar para o mar até que por fim chamou por Steve e Troy. Nenhum deles a ouviu. O que caiu na água começou a emergir, a sua forma a tornar-se clara a cada segundo. Um homem.
- Steve! Troy! - gritou Charlotte.
Steve apercebeu-se de algo e virou o rosto para a praia e viu Charlotte a chamá-lo.
- Pai? - começou Troy. - Passa-se algo?
Antes que pudesse responder, os dois foram assolados por um chamamento poderoso.
- Tema - rugiu o homem a dirigir-se lentamente para o Troy.
- Mas o que..? - os olhos de Steve arregalaram-se. Institivamente colocou o braço à frente do seu filho.
Troy estava completamente paralisado. Aquele homem era-lhe familiar, assim como o nome que ele pronunciara. A sua marca de nascimento: um circulo pequeno envolvido por outro dum tom mais escuro no lado direito do seu peito começou a doer.
O homem tinha os seus olhos no rapaz.
- Troy! Sai daqui, faz o que te digo! - gritou Steve.
Troy conseguiu mexeu-se. Abandonou a sensação estranha que aquele homem lhe trazia e remou para longe. Steve encarou os olhos negros daquele homem. Ele parecia louco e completamente perigoso. Atrás dele as ondas embatiam como se fosse uma rocha. Os seus punhos fechados emanavam chamas poderosas. Os olhos de Steve arregalaram-se. O que seria aquilo? Não um humano de certeza. Não podia ser. Não era possível.
- Quem és tu? O que queres?
O olhar sombrio do homem virou-se para Steve.
- Estou aqui para recuperar o que é meu. Ele - e apontou para Troy a chegar à costa.
- O que queres com o meu filho?
- Teu filho? - riu-se. - Ele é mais do que teu filho. - O silêncio de Steve fê-lo continuar a falar. - Aquele rapaz é a única pessoa que pode salvar a minha galáxia. Já reparaste no meu miserável estado? - Steve olhou-o melhor: profundas olheiras debaixo dos seus olhos, a pele cheia de sardas e o cabelo a perderem a sua verdadeira cor. Parecia quase transparente. - Tudo porque aquele estúpido do Tema decidiu morrer por amor. E agora, o teu filho tem um pouco da alma dele e só ele pode usar o que resta do seu poder.
- O que estás para aí a dizer?!
- Steve! - Charlotte chamou da praia.
- Eu não sei quem és e nem quero saber. Apenas fica longe da minha família - Steve virou-lhe as costas e começou a remar de volta para a costa. Porém, o tal homem não o deixou ir tão facilmente. Levantou as mãos e criou labaredas de fogo à frente de Steve o que o obrigou a parar.
- Não tão cedo, e já agora, trata-me por Noir.
Noir sobrevoou até à costa e rapidamente chegou perto de Charlotte e de Troy. Charlotte envolvia Troy nos seus braços e apertava-o contra o seu corpo para sentir alguma coragem e força. Ela olhou em volta, à procura de alguém para os ajudar, mas a praia estava vazia, as ruas paradas, tudo envolvido por um silêncio estranho. Noir estava agora a nem dois metros de distancia dos dois. Steve estava encurralado pela labaredas.
- Eu não vou magoar a criança.
Charlotte agarrou-se mais ao seu filho demonstrando que não confiava nele.
- Parece que vai ter de ser à maneira antiga, afinal - suspirou.
Nesse instante, Noir lançou um calor abrasador suficiente para Charlotte e Troy ficarem inconscientes. No entanto, não foi isso que aconteceu: assim que Noir deixou o calor invadir o espaço, uma luz azul o contra-atacou deixando-o inconsciente e caído na areia. Enfraquecido, as labaredas que impediam o caminho de Steve desapareceram dando-lhe a oportunidade de ir proteger a sua família. Troy, o criador daquela luz azul, ficou inconsciente também, deixando os seus pais ainda mais preocupados e confusos. Souberam, então, que o que o homem lhes dizia podia condizer com a verdade, apesar de não compreenderem o total fundamento dela.
- Temos de ir embora daqui - sussurrou Steve.
- Steve, o que se está a passar? Estaremos a enlouquecer?
- Eu não sei. Mas vai tudo ficar bem - Steve deu um beijo na testa de Charlotte, pegaram no essencial e começaram a sair da praia.
- Parem - Noir apareceu no caminho. Fraco como ele estava, apenas apareceu em forma de espírito. - Eu vou deixar que vocês escapem. Porém, se ele não aceitar o seu destino pela altura dos seus 17 anos, neste dia e nesta hora, a Escuridão irá consumi-lo sem qualquer hipótese de retorno. E se isso acontecer, nunca mais terão o vosso filho de volta.
Steve, furioso, deu um murro no espírito e ele dissipou-se no ar. Olhou para Charlotte e para Troy. Ele dormia nos braços dela, completamente inocente e sem consciência do que ele realmente era. A memória dele fora apagada pelo seu próprio desejo e apesar dos seus pais estarem confusos com tudo o que se passou, eles perceberam o destino verdadeiro do seu filho e por isso decidiram esconder a verdade até ele ser capaz de enfrentar qualquer coisa ou alguém. Ou talvez, até estarem prontos para deixá-lo ir enfrentar o seu destino.
Todos os caminhos que ele percorria, sempre lhe pareciam dar ao mesmo: a praia. Nada como o cheiro fresco do mar, a brisa refrescante das ondas e o calor da areia para o animarem e fazerem-no sentir completamente tranquilo.
- Rapazes! Vamos lá, acordem! - Charlotte berrou a caminho da cozinha.
O primeiro a acordar foi o seu marido, Steve, que lhe deu um beijo no rosto antes de lhe dizer bom dia. Depois de ambos estarem vestidos e terem tudo pronto foram acordar o pequeno Troy que teimava em ficar na cama. Era o décimo aniversário dele. Charlotte e Steve escolheram uma prancha novinha em folha para ele. Agora, Steve podia ensinar-lhe alguns truques mais avançados que nunca tiveram oportunidade de experimentar.
Assim que Troy acordou e soprou as dez velas do seu bolo, de ananás e chantilly, eles foram a caminho da praia. Durante o caminho o ar foi preenchido por risos e animação. Charlotte levava um cesto cheio com as comidas preferidas de Troy, água, sumos e sobremesas, e uma grande toalha vermelha e branca. Steve colocara Troy nos seus ombros e fingia ser um avião comandado pelo pequeno. Naquele dia de verão tudo o que eles conheciam e o que não conheciam estava prestes a colidir e o mundo como o sabiam nunca mais iria ser o mesmo.
Depois de tomarem o pequeno almoço, Steve foi buscar a prancha nova de Troy. Assim que ele viu aquele enorme embrulho soube que era a sua ansiada prancha. Os olhos azul-esverdeados de Troy brilharam enquanto abria aquele presente. Era o único que importava. Steve e Charlotte aproximaram-se um do outro e observaram o seu filho. Ele estava tão radiante.
- Então, o que achas?
- O que eu acho?! É a melhor prancha de sempre, pai - respondeu. - Podemos ir para a água, mãe?
- Acabaste de comer, Troy.
- Charlotte, vá lá - disse Steve a fazer beicinho.
Troy sorria-lhe e fazia-lhe olhinhos de cão abandonado.
- Pronto, pronto. Vão lá - os dois vieram dar-lhe um beijo. - Mas se sentirem o mínimo de dor no estomago saiam imediatamente da água! - exclamou Charlotte, mas os dois desligaram-se completamente dela assim que correram para a água.
A brisa dançou por entre os cabelos loiros de Troy e deu-lhe uma energia imensa. Ele e o seu pai competiam pela próxima onda e Troy conseguiu vencê-lo dando o máximo que podia, mesmo que fosse uma única vez. Já por outro lado, quem não estava assim com tanta alegria era Charlotte que tinha o coração nas mãos sempre que os seus dois iam para a água. No entanto, vê-los a sorrir e a divertirem-se acalmava-a um pouco. Só que então avistou algo... alguém... a cair do céu para a água. Charlotte ficou chocada a olhar para o mar até que por fim chamou por Steve e Troy. Nenhum deles a ouviu. O que caiu na água começou a emergir, a sua forma a tornar-se clara a cada segundo. Um homem.
- Steve! Troy! - gritou Charlotte.
Steve apercebeu-se de algo e virou o rosto para a praia e viu Charlotte a chamá-lo.
- Pai? - começou Troy. - Passa-se algo?
Antes que pudesse responder, os dois foram assolados por um chamamento poderoso.
- Tema - rugiu o homem a dirigir-se lentamente para o Troy.
- Mas o que..? - os olhos de Steve arregalaram-se. Institivamente colocou o braço à frente do seu filho.
Troy estava completamente paralisado. Aquele homem era-lhe familiar, assim como o nome que ele pronunciara. A sua marca de nascimento: um circulo pequeno envolvido por outro dum tom mais escuro no lado direito do seu peito começou a doer.
O homem tinha os seus olhos no rapaz.
- Troy! Sai daqui, faz o que te digo! - gritou Steve.
Troy conseguiu mexeu-se. Abandonou a sensação estranha que aquele homem lhe trazia e remou para longe. Steve encarou os olhos negros daquele homem. Ele parecia louco e completamente perigoso. Atrás dele as ondas embatiam como se fosse uma rocha. Os seus punhos fechados emanavam chamas poderosas. Os olhos de Steve arregalaram-se. O que seria aquilo? Não um humano de certeza. Não podia ser. Não era possível.
- Quem és tu? O que queres?
O olhar sombrio do homem virou-se para Steve.
- Estou aqui para recuperar o que é meu. Ele - e apontou para Troy a chegar à costa.
- O que queres com o meu filho?
- Teu filho? - riu-se. - Ele é mais do que teu filho. - O silêncio de Steve fê-lo continuar a falar. - Aquele rapaz é a única pessoa que pode salvar a minha galáxia. Já reparaste no meu miserável estado? - Steve olhou-o melhor: profundas olheiras debaixo dos seus olhos, a pele cheia de sardas e o cabelo a perderem a sua verdadeira cor. Parecia quase transparente. - Tudo porque aquele estúpido do Tema decidiu morrer por amor. E agora, o teu filho tem um pouco da alma dele e só ele pode usar o que resta do seu poder.
- O que estás para aí a dizer?!
- Steve! - Charlotte chamou da praia.
- Eu não sei quem és e nem quero saber. Apenas fica longe da minha família - Steve virou-lhe as costas e começou a remar de volta para a costa. Porém, o tal homem não o deixou ir tão facilmente. Levantou as mãos e criou labaredas de fogo à frente de Steve o que o obrigou a parar.
- Não tão cedo, e já agora, trata-me por Noir.
Noir sobrevoou até à costa e rapidamente chegou perto de Charlotte e de Troy. Charlotte envolvia Troy nos seus braços e apertava-o contra o seu corpo para sentir alguma coragem e força. Ela olhou em volta, à procura de alguém para os ajudar, mas a praia estava vazia, as ruas paradas, tudo envolvido por um silêncio estranho. Noir estava agora a nem dois metros de distancia dos dois. Steve estava encurralado pela labaredas.
- Eu não vou magoar a criança.
Charlotte agarrou-se mais ao seu filho demonstrando que não confiava nele.
- Parece que vai ter de ser à maneira antiga, afinal - suspirou.
Nesse instante, Noir lançou um calor abrasador suficiente para Charlotte e Troy ficarem inconscientes. No entanto, não foi isso que aconteceu: assim que Noir deixou o calor invadir o espaço, uma luz azul o contra-atacou deixando-o inconsciente e caído na areia. Enfraquecido, as labaredas que impediam o caminho de Steve desapareceram dando-lhe a oportunidade de ir proteger a sua família. Troy, o criador daquela luz azul, ficou inconsciente também, deixando os seus pais ainda mais preocupados e confusos. Souberam, então, que o que o homem lhes dizia podia condizer com a verdade, apesar de não compreenderem o total fundamento dela.
- Temos de ir embora daqui - sussurrou Steve.
- Steve, o que se está a passar? Estaremos a enlouquecer?
- Eu não sei. Mas vai tudo ficar bem - Steve deu um beijo na testa de Charlotte, pegaram no essencial e começaram a sair da praia.
- Parem - Noir apareceu no caminho. Fraco como ele estava, apenas apareceu em forma de espírito. - Eu vou deixar que vocês escapem. Porém, se ele não aceitar o seu destino pela altura dos seus 17 anos, neste dia e nesta hora, a Escuridão irá consumi-lo sem qualquer hipótese de retorno. E se isso acontecer, nunca mais terão o vosso filho de volta.
Steve, furioso, deu um murro no espírito e ele dissipou-se no ar. Olhou para Charlotte e para Troy. Ele dormia nos braços dela, completamente inocente e sem consciência do que ele realmente era. A memória dele fora apagada pelo seu próprio desejo e apesar dos seus pais estarem confusos com tudo o que se passou, eles perceberam o destino verdadeiro do seu filho e por isso decidiram esconder a verdade até ele ser capaz de enfrentar qualquer coisa ou alguém. Ou talvez, até estarem prontos para deixá-lo ir enfrentar o seu destino.
◄◊►
6 anos mais tarde
Todos os caminhos que ele percorria, sempre lhe pareciam dar ao mesmo: a praia. Nada como o cheiro fresco do mar, a brisa refrescante das ondas e o calor da areia para o animarem e fazerem-no sentir completamente tranquilo.
Nesse dia, a praia estava especialmente cheia pois era o campeonato de surf que acontece anualmente na praia de Crystal Waters. O sol parecia dar toda a sua atenção à praia dando brilho às lindas águas cristalinas da vila. Troy desceu o caminho menos conhecido até à praia e, sem ser visto por ninguém, entrou pelas traseiras do bar da praia. Começou a abrir o cacifo em busca da t-shirt amarela com um pequeno símbolo de uma prancha feita de cristais no peito até que fora apanhado.
- O que pensas que estás a fazer? - Uma voz irritada surgiu por detrás dele. - E porque estás com o fato de surf? Troy... Eu j-
- Eu sei, eu sei mãe - disse, interrompendo-a. - Mas cheguei a tempo.
- Sabes que não gosto nada quando sais de madrugada para ir para o mar.
Troy foi até ela e deu-lhe um beijo nas suas bochechas.
- Eu estou bem, vês? Tenho todos os ossos que preciso para lavar o chão do bar.
- Eu estou bem, vês? Tenho todos os ossos que preciso para lavar o chão do bar.
Charlotte suspirou. Em seguida, a Sra. Evans saiu da sala dando a Troy privacidade para se vestir. Ele tirou o fato de surf preto com traços azuis nas laterais, completamente molhado e a pingar o chão, secou o cabelo com uma toalha e em seguida vestiu outros calções e a t-shirt amarela dos empregados do bar. Limpou o pequeno rectângulo com o seu nome e saiu da sala em direção ao balcão.
O bar estava completamente vazio, ainda por ser de manhãzinha e pelos competidores ainda não terem chegado todos, assim como todos os jornalistas e os comuns turistas. Troy pegou no pano do cabide de parede e começou a secar a loiça. Depois lavou o chão e abriu as janelas para o espaço arejar. Carregou a mercadoria para dentro da dispensa do bar, arrumou a disposição dos guardanapos em cima das mesas e mudou as flores do balcão.
- Charlotte, estás aqui? - o pai chamou. Troy virou-se para encarar o seu pai - Troy? O que - então o Sr. Evans olhou bem em redor. O bar estava a brilhar duma ponta a outra. - Troy, foste tu que fizeste isto?
- A-hum - assentiu. - E preciso de pedir-te uma coisa - disse Troy.
- Pedir o quê, Troy? - perguntou a mãe ao entrar no bar pela porta do fundo.
Troy levou os pais para uma mesa limpa e a cheirar a fresco, prontos para ouvirem o seu pedido.
- Então, do que isto se trata? - perguntou Steve.
- Bem, como sabem hoje é o campeonato de surf - começou Troy a colocar uma mão no pescoço e a desviar o olhar dos pais. - Eu gostava que me deixassem ir.
- O que queres dizer? Ir ver o campeonato? - perguntou a sua mãe.
- Não... bem é que - Troy mal conseguia encará-los. - É que eu inscrevi-me no campeonato - ele falou tão rápido que nenhum deles percebeu o que ele dissera. Então Troy repetiu e desta vez encarava-os sem medo. - Eu inscrevi-me no campeonato de surf.
- Tu o quê? - Steve exaltou-se.
- Steve - disse Charlotte, a colocar uma mão no braço do seu marido.
- Pai, tu sabes perfeitamente que desde miúdo que adoro surfar! Tu próprio me ensinaste!
- Isso foi à anos, Troy! Eu disse-te para parares de entrar no mar sem a minha observação - eles os dois começaram a gritar um para o outro. Charlotte tremia com as palavras de cada um.
- Troy, tens de entender que só queremos que estejas seguro.
- Eu sei mãe, mas o mar não é perigoso.
- Tu não vais entrar naquele campeonato, Troy. Essa é a minha última palavra.
- Mas pai! - Troy tentou, em vão. Então virou-se para a sua mãe na esperança de conseguir dar a volta à situação mas nada.
- Podes ir dar uma volta, estás dispensado por hoje, querido - proferiu Charlotte antes de lhe dar um beijo no cimo da cabeça e ir para dentro.
Troy lançou um último olhar zangado ao seu pai e este baixou a cabeça para não enfrentá-lo. Troy saiu a correr do bar em direção a um dos seus caminhos secretos. Porque é que eles não o deixavam surfar? Porque tinham eles de ser tão protectores? Do que é que eles tinham tanto medo? Troy estava tão chateado. Nem parecia ele próprio. Como se algo dentro dele, negro e obscuro começasse a nascer e o tornasse em algo que não era. Troy começou a soltar a raiva numa árvore. Os seus dedos começaram a formar feridas dos murros que dera ao tronco. Respirou fundo e acalmou-se. A tal sensação desapareceu tão rápido como apareceu.
O tempo tinha passado a voar porque quando se apercebeu, os competidores já estavam a ser chamados para a primeira ronda. Devem ser onze horas então, pensou. Troy decidiu ir buscar a sua prancha e o seu fato. Eles não podiam impedi-lo agora. Os seus pais provavelmente nem faziam ideia de onde ele estava o que era uma vantagem. Troy começou a correr motivado pela ideia de entrar no campeonato. Mesmo que não entrasse na primeira ronda, iria conseguir ir na segunda. Troy entrou de fininho pelas traseiras do bar e pegou no seu fato. Porém não encontrava a sua prancha em lado nenhum. Devia ter previsto que eles iriam escondê-la. Se calhar até a partiram ao meio. Não. Os seus pais nunca fariam isso. Mas só a ideia conseguiu apertar o coração dele. A sua prancha fazia parte dele. Já a tinha à tanto tempo. Foi com ela que conseguiu fazer um tube riding. Não que o seu pai se importasse. Troy espreitou pela janela redonda das portas que dava ao balcão e viu a sua prancha encostada à janela do canto direito. Em seguida, observou se estava alguém lá dentro e não viu ninguém. Sem hesitar, Troy correu e agarrou na prancha mas quando se virou para voltar para as traseiras, encontrou a sua mãe a observá-lo.
- Mãe, eu...
- Está tudo bem, vai lá querido.
Troy arregalou os olhos surpreendidos mas não esperou muito mais tempo. Deu-lhe um abraço e um beijo.
- Obrigado, mãe.
- Eu não vi nada, está bem?
- Claro, obrigado - disse a sorrir.
- Vai lá - Charlotte sorriu e teve a certeza de que estava pronta para deixá-lo embarcar na jornada que ela tanto teme.
O bar estava completamente vazio, ainda por ser de manhãzinha e pelos competidores ainda não terem chegado todos, assim como todos os jornalistas e os comuns turistas. Troy pegou no pano do cabide de parede e começou a secar a loiça. Depois lavou o chão e abriu as janelas para o espaço arejar. Carregou a mercadoria para dentro da dispensa do bar, arrumou a disposição dos guardanapos em cima das mesas e mudou as flores do balcão.
- Charlotte, estás aqui? - o pai chamou. Troy virou-se para encarar o seu pai - Troy? O que - então o Sr. Evans olhou bem em redor. O bar estava a brilhar duma ponta a outra. - Troy, foste tu que fizeste isto?
- A-hum - assentiu. - E preciso de pedir-te uma coisa - disse Troy.
- Pedir o quê, Troy? - perguntou a mãe ao entrar no bar pela porta do fundo.
Troy levou os pais para uma mesa limpa e a cheirar a fresco, prontos para ouvirem o seu pedido.
- Então, do que isto se trata? - perguntou Steve.
- Bem, como sabem hoje é o campeonato de surf - começou Troy a colocar uma mão no pescoço e a desviar o olhar dos pais. - Eu gostava que me deixassem ir.
- O que queres dizer? Ir ver o campeonato? - perguntou a sua mãe.
- Não... bem é que - Troy mal conseguia encará-los. - É que eu inscrevi-me no campeonato - ele falou tão rápido que nenhum deles percebeu o que ele dissera. Então Troy repetiu e desta vez encarava-os sem medo. - Eu inscrevi-me no campeonato de surf.
- Tu o quê? - Steve exaltou-se.
- Steve - disse Charlotte, a colocar uma mão no braço do seu marido.
- Pai, tu sabes perfeitamente que desde miúdo que adoro surfar! Tu próprio me ensinaste!
- Isso foi à anos, Troy! Eu disse-te para parares de entrar no mar sem a minha observação - eles os dois começaram a gritar um para o outro. Charlotte tremia com as palavras de cada um.
- Troy, tens de entender que só queremos que estejas seguro.
- Eu sei mãe, mas o mar não é perigoso.
- Tu não vais entrar naquele campeonato, Troy. Essa é a minha última palavra.
- Mas pai! - Troy tentou, em vão. Então virou-se para a sua mãe na esperança de conseguir dar a volta à situação mas nada.
- Podes ir dar uma volta, estás dispensado por hoje, querido - proferiu Charlotte antes de lhe dar um beijo no cimo da cabeça e ir para dentro.
Troy lançou um último olhar zangado ao seu pai e este baixou a cabeça para não enfrentá-lo. Troy saiu a correr do bar em direção a um dos seus caminhos secretos. Porque é que eles não o deixavam surfar? Porque tinham eles de ser tão protectores? Do que é que eles tinham tanto medo? Troy estava tão chateado. Nem parecia ele próprio. Como se algo dentro dele, negro e obscuro começasse a nascer e o tornasse em algo que não era. Troy começou a soltar a raiva numa árvore. Os seus dedos começaram a formar feridas dos murros que dera ao tronco. Respirou fundo e acalmou-se. A tal sensação desapareceu tão rápido como apareceu.
O tempo tinha passado a voar porque quando se apercebeu, os competidores já estavam a ser chamados para a primeira ronda. Devem ser onze horas então, pensou. Troy decidiu ir buscar a sua prancha e o seu fato. Eles não podiam impedi-lo agora. Os seus pais provavelmente nem faziam ideia de onde ele estava o que era uma vantagem. Troy começou a correr motivado pela ideia de entrar no campeonato. Mesmo que não entrasse na primeira ronda, iria conseguir ir na segunda. Troy entrou de fininho pelas traseiras do bar e pegou no seu fato. Porém não encontrava a sua prancha em lado nenhum. Devia ter previsto que eles iriam escondê-la. Se calhar até a partiram ao meio. Não. Os seus pais nunca fariam isso. Mas só a ideia conseguiu apertar o coração dele. A sua prancha fazia parte dele. Já a tinha à tanto tempo. Foi com ela que conseguiu fazer um tube riding. Não que o seu pai se importasse. Troy espreitou pela janela redonda das portas que dava ao balcão e viu a sua prancha encostada à janela do canto direito. Em seguida, observou se estava alguém lá dentro e não viu ninguém. Sem hesitar, Troy correu e agarrou na prancha mas quando se virou para voltar para as traseiras, encontrou a sua mãe a observá-lo.
- Mãe, eu...
- Está tudo bem, vai lá querido.
Troy arregalou os olhos surpreendidos mas não esperou muito mais tempo. Deu-lhe um abraço e um beijo.
- Obrigado, mãe.
- Eu não vi nada, está bem?
- Claro, obrigado - disse a sorrir.
- Vai lá - Charlotte sorriu e teve a certeza de que estava pronta para deixá-lo embarcar na jornada que ela tanto teme.
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