The Vision #13

- Podes perguntar-me o que quiseres Luna - disse.
- Nota-se assim tanto? - eu estava indecisa em perguntar-lhe ou não. 
- Sim, nota-se mesmo - sorriu. 
- Então aqui vai...Fala-me da minha mãe, pode ser? 
- Já estava a prever essa pergunta - confessou. 
- Oh... Se não quiseres não há problema. 
- Não é nada disso Luna, claro que falo dela - sorriu. 
      Fomos para debaixo da árvore, onde Sol me deu o meu precioso colar, e sentámos-nos na sombra. 
- Bem, quando a Mel nasceu foi a completa alegria das nossas vidas, da minha e da Mondy - contou a sorrir. - Mas eu não podia ficar sempre. Eu tinha de voltar para o Universo. 
- Como assim?
- Luna, eu sou como Sol... Enquanto cá estou, Mercúrio, o planeta, não existe. É como se ele estivesse dentro de mim neste momento, é por isso que desaparece fisicamente como um planeta. 
- Mas tu tinhas uma filha! Tinhas de ficar...
- Eu sempre que podia, visitava-a, mas eu ficar muito tempo em forma humana pode desgastar-me.
- Oh...
- Pois.. Eu sei. Mas quando não estava, visitava-a nos seus sonhos. Apesar de não estar com ela fisicamente, estava psicologicamente, de certa maneira - sorriu de novo - E quando finalmente podia vir visitá-la, ela sabia quem eu era. Chamava-me de pai mesmo sem eu parecer um. - Sorri. - Sabes? Tens o sorriso dela Luna - confessou. 
- A sério? - perguntei surpreendida. 
- Sim, e também és tão teimosa e refilona quanto ela - gozou. - Como a Mondy, também.
- Opá!  
- Vês? - riu-se.
       Passei um bocadinho da manhã a falar com Mercúrio sobre histórias da minha mãe e logo depois fui para o quarto. No caminho dei-me com Sol. 
- Acho que precisamos de falar - disse.
- Passa-se alguma coisa Sol? 
- Bem...Sim e não - respondeu. 
- Ok, vamos falar para o quarto então... - disse tentando perceber o ambiente estranho. 
       Fomos para o quarto, sentámos na cama e ele hesitou em falar. 
- Sol, podes falar, não há problema - toquei-lhe no ombro. 
- É sobre nós...
       Fiquei meio chocada e surpreendida - Passa-se alguma coisa?
- Luna, o que nós somos? - Sol olhou agora nos meus olhos.
       Sol apanhou-me mesmo desprevenida nesta...Eu própria nem sabia o que éramos. 
- Porquê isto agora? - foi a única coisa que me ocorreu para lhe dizer.
- Isto não é só de agora Luna, sabes que temos de falar sobre isto - Sol lia a minha alma como se estivesse escrito na testa e eu não sabia como reagir. 
- Sol, tu sabes o que sinto por ti - disse.
- Eu sei Luna, e eu não duvido, nunca irei - soltou um sorriso fraco. 
- Eu não quero aborrecer-te com isto - coloquei a minha mão na sua cara. 
- Nunca irás aborrecer-me, mas eu quero poder chamar-te de minha. 
- Mas Sol, eu sou tua - levantei a sua cara e disse-lhe nos olhos.
      Nunca tinha pensado naquilo mas quando o disse, não menti. 
      Sol sorriu. - Eu também sou teu, Luna. 
      Ele beijou-me. 
- Então agora és a minha namorada, que achas? - disse num tom misto de brincadeira e seriedade.  
       Quando ouvi a palavra "namorada" só me apetecia rir bem como abraçá-lo e nunca mais largar. Soava tão perfeito vindo da boca dele a palavra namorada. Eu estava caída de amores por ele e já era óbvio para todos. 
- Acho isso perfeito - sorri e beijei-o.  
      Sol e eu passámos o resto da manhã deitados na minha cama a conversar, a namorar e a brincar até eu adormecer. 
       Acordei sem ele ao meu lado e estranhei. Olhei para as horas e eram duas da tarde. 
- Boa tarde dorminhoca, trouxe-te o almoço - disse Sol a caminho da cama com um tabuleiro.  
- Oh não era preciso - disse quando o meu estômago soltou o maior grito. 
- Bem, eu cá acho que é preciso - riu-se. 
       Corei. Sol mostrou-me o que preparou e fiquei logo com água na boca.
- Não acredito que fizeste lasanha! 
- É um dos meus imensos dotes - sorriu todo convencido. 
-  Claro - sorri e revirei os olhos. - Não comes? 
- Hum, não - respondeu.
- Oh, não vais ficar a ver-me comer não é? - Sol nem respondeu porque a cara dele dizia que sim - Oh amor, não vais ficar a ver-me comer...
- Amor? - Sol fez o olhar de engatatão. 
       Sorri - Sim, amor. 
- Assim já gosto mais - aproximou-se para me dar um beijo. 
- Na na, primeiro vais buscar lasanha para ti e pode ser que depois recebas um beijinho.
- Ai é assim? - assenti - Ah está bem - fez-se de coitadinho. 
      Ri-me e esperei por ele chegar. Liguei a televisão, coloquei num canal e almoçámos a ver Foi Assim Que Aconteceu
      Depois do almoço, fiquei um bocadinho com Sol e fui treinar com a avó. Fizemos alguns exercícios novos e melhorei bastante desde do último treino. Estou ansiosa por poder dar luta à avó nos treinos. Quero mesmo aprender isto bem, e fazer o que estou destinada.  
       Depois do treino fui tomar um banho e no caminho para a casa de banho aconteceu a coisa mais esquisita. Fiquei a olhar para o nada e de repente o nada virou um momento, um momento que ainda não tinha acontecido. Apercebi-me que estava a ter uma visão; Nela estava Mercúrio e Sol a falarem, a discutirem acho, e a avó foi falar com eles... Sol gritou com ela, não percebi o porquê. Mercúrio defendeu a avó e gritou ao Sol...e não consegui ver mais nada. Só sei que estavam no jardim, de baixo da grande árvore. Quando percebi que tive uma visão, que tive o meu primeiro poder, soltei um gritinho de felicidade. Mas ao mesmo tempo fiquei curiosa com o que acabei de visualizar. Eram as pessoas mais importantes para mim numa discussão... E eu nem sequer estava lá. O que será que causou aquilo tudo? Espero que consiga evitar tudo isto. 

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