The Truth #10
- Adoro a comida Mondy - disse Sol.
- Está mesmo boa avó, adoro - continuei.
- Obrigada - deu um sorriso falso e voltou para a sua cara de pensativa.
Fiquei na cozinha a ajudá-la a lavar os pratos e a arrumá-los. Cada vez que puxava um assunto ela fazia questão de apenas dizer "pois", "claro Luna", "hum", "sim". Fartei-me, fui logo direta ao assunto.
- Avó, olha para mim - ralhei.
- Que foi Luna? Queres outro pano? - perguntou ausente do mundo.
- Não. Quero que me digas o que aconteceu entre ti e Mercúrio. Estás a esconder-me algo, eu sei - afirmei.
Logo voltou à terra e deu-me a sua atenção - Luna, de onde ouviste isso?
- Tu própria o disseste.
- Andaste a ouvir por detrás das portas? - pareceu ofendida.
- Não foi a minha intenção mas sim, ouvi. E ainda bem que ouvi. Pensava que não tínhamos segredos e afinal... Parece que não sei tudo sobre ti ou sobre a nossa família - respondi chateada e fui-me embora da cozinha.
- Luna! -chamou-me, mas não voltei.
Saí de lá a bater o pé, com uma raiva enorme dentro de mim e quando cheguei ao quarto fiz questão de bater a porta com força para todos perceberem o quão chateada estava. Sim, fiz meio que uma birra, mas a avó não tem o direito de esconder-me coisas principalmente se são sobre mim.
Bateram à porta e logo gritei:
- Vai-te embora avó! Não quero falar agora.
- Luna, sou eu - disse Sol calmo.
Levantei-me e fui abrir-lhe a porta. Assim que vi a cara dele preocupada comigo, abracei-o. Sol abraçou-me de volta. O calor do seu corpo acalmava-me, trazia paz para a minha cabeça. Os seus braços eram o meu porto de abrigo.
Levantei-me e fui abrir-lhe a porta. Assim que vi a cara dele preocupada comigo, abracei-o. Sol abraçou-me de volta. O calor do seu corpo acalmava-me, trazia paz para a minha cabeça. Os seus braços eram o meu porto de abrigo.
Sem dar conta, comecei a chorar. Sol afastou-me um bocadinho e colocou as suas protetoras mãos na minha cara e com o polegar limpou-me as lágrimas. Sorriu-me.
- Vai correr tudo bem Luna. Tudo se vai resolver.
As suas palavras deixaram-me mais calma e certa de que tudo realmente se iria resolver. Chorar não me adiantava de nada. Não era a chorar que ia resolver o drama que causei.
- Tens a certeza?
- Sim, absoluta.
- Então vamos lá - colocou o seu braço envolta dos meus ombros e deu-me um beijo na testa.
Apesar do apoio de Sol estava nervosa como tudo. Será que a avó iria contar-me tudo ou ficar super chateada pela minha atitude? Fui infantil. Fiz birra. Nem lhe dei uma hipótese de se explicar... E Mercúrio? Onde é que ele fica no meio disto tudo? Tantas perguntas e tão poucas respostas.
O caminho até à sala pareceu tão longo, e quando cheguei, nem sabia com que cara ficar. Mercúrio e avó estavam sentados no sofá prontos para termos a conversa que causou o drama todo. Tenho dúvidas sobre a avó contar-me assim de boa vontade. Ela disse que eu não poderia saber isto por nada e agora está disposta a falarmos? Ok. Tenho de ter calma.
- Senta-te por favor Luna - pediu Mercúrio.
Sentei-me no cadeirão em frente ao sofá e esperei que eles começassem a falar, mas eu não me contive.
- Desculpem por isto. Fui uma criança. Não agi com cabeça, se não me quiserem contar nada por agora tudo bem, eu mereço e não... - a avó interrompeu-me.
- Luna, está tudo bem. Nós percebemos. - sorriu.
Com o familiar sorriso da avó percebi que estava tudo bem. Acalmou-me um pouco. Sol que estava atrás de mim, tinha a mão esquerda no meu ombro e delicadamente apertou-o para aliviar a tensão que estava posta neles. O seu toque dizia vai correr tudo bem, não te preocupes, estou aqui.
- Vamos contar-te tudo. Já o devíamos tê-lo feito, mas sempre adiámos o assunto - explicou Mercúrio.
- Agora é tempo de dizer-te a verdade - concluiu a avó.
- Então força, estou a ouvir - disse.
- Conheci Mercúrio quando estava a preparar Sol para a luta contra Tema. Ele apareceu e foi como te disse, bastou um olhar e ele me conquistou. E pelos vistos conquistei-o a ele - sorriu a relembrar os bons tempos - Não andávamos sempre juntos, eu ainda tinha que treinar Sol, mas tínhamos os nossos momentos privados. E por causa desses momentos privados, aconteceu o inesperado.
- O que aconteceu avó? - perguntei curiosa, chocada, nervosa e ansiosa.
Eu nem acredito no que ouvi. Mercúrio é pai da minha mãe? A avó e Mercúrio? Sempre pensei que a avó tivesse casado com um homem normal e após a morte da minha mãe divorciado-se...
- Eu sei que é muito para processar Luna mas...
- Muito para processar? - interrompi-o chocada e confusa - A minha mãe é filha de uma forma humana da Lua e dum planeta... - disse baixinho a assimilar tudo.
Olhei para eles e vi logo que havia mais.
- Contem-me tudo - pedi. Sol colocou-se ao meu lado e agarrou-me na mão.
- A razão pela qual nunca conheceste os teus pais é porque - começou Mercúrio.
- A minha mãe morreu no parto certo? - interrompi Mercúrio.
- A minha mãe morreu no parto certo? - interrompi Mercúrio.
- Sim Luna... Mas tu não sabes quem eram a tua mãe e o teu pai na realidade - continuou avó.
- Então quem eram? - perguntei confusa.
- A tua mãe era a personificação de Marte - respondeu Mercúrio.
- O quê? - fiquei de boca aberta.
- E o teu pai...
- O meu pai? - apressei-o a dar a resposta.
- O teu pai é a personificação de Plutão.
O meu mundo acabou de dar uma volta de 180 graus. Mesmo.
- Eu sou filha de Planetas? Isso é possível? Como é que isso é possível? - questionei chocada.
- Bem, pelos vistos é Luna.
- Mas esperem - comecei a raciocinar - Se o meu pai é a personificação de Plutão e a minha mãe a de Marte, o que eles estavam a fazer na Terra?
- Assim como Mercúrio pode ir a outros planetas, eles também se o tal Planeta permitir - concluiu avó.
- Vocês têm a noção que acabaram de jogar uma bomba de informação em mim não sabem?
- Sabemos e foi por isso que não te queríamos contar - disse Mercúrio.
- Mas ainda bem que contaram... É bom saber a verdade.
- Espero que percebas o porquê de o termos escondido isto - disse avó.
- Claro avó e desculpa por tudo - sorri e fui abraçá-la.
- Avó... o meu pai ainda está vivo?
- Sim Luna. O teu pai ainda está vivo.
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