Delírios de Amor - XXIX

Lourenço: Vem comigo, não te vais arrepender ! 
Iara: Hãn ? Ir contigo para onde ? 
Lourenço: Anda, vem ! 
Iara: Mas para onde ? 
 Ele começou a puxar-me, e queria saber onde era esse lugar. Conheço-o à uns dias e não vou com ele para um sítio qualquer, principalmente bêbados. Ele aproximou-se e começou a pedir que fosse, e agarrava-me no braço. Estaria possesso ou outra qualquer só pode. 
Iara: Lourenço ! Larga-me já ! 
Lourenço: Então vem comigo ! 
Iara: Não vou a lado nenhum. - Consegui com que ele largasse o meu braço que por acaso estava todo vermelho. 
Lourenço: Porquê ? Não confias em mim ? 
Iara: Bêbado não ! E pára com isso, vá. Já chega, vou embora, ficas ? 
Lourenço: Não, podes ir andando. 
 E virei-lhe costas. Mas ele estaria bem da cabeça ou o álcool faz-lhe assim tão mal ? Enfim. Nem queria pensar no que teria acontecido se tivesse ido com ele, - arrepiei-me. - ainda bem que não fui. 
Quando cheguei, cai directa na cama quem nem uma pedra e logo adormeci. 
  
  Dez da manhã, uma dor de cabeça sem cálculo possível e um roncador ao lado. Rica vida a minha. 
 Levantei-me e lavei a cara com a água fria mesmo, para despertar. Tomei banho, e vesti-me. Tomei o pequeno almoço fora e quando voltei, o Lourenço não estava no quarto. Chamei por ele para confirmar, mas nem sinal dele. Deixei-lhe um bilhete a dizer : "Bem, vou ter que ir. Queria despedir-me pessoalmente mas não te encontro em buraco algum e tenho mesmo que ir se ainda quero chegar a Portugal de tarde. Gostei de te conhecer e espero que nos encontremos um dia. Beijinhos grandes, Iara."    
  E peguei nas minhas malas e fui a caminho de Portugal, com os pensamentos em ordem. (...) 

 Cheguei a Portugal às seis e meia da tarde, e quando cheguei à minha bela casinha, bem só me apetecia deitar-me na cama e ficar assim durante anos, mas eu sabia que não podia e tinha que falar com aqueles dois. 
Mandei uma mensagem à minha mãe a dizer que cheguei bem, estou bem e que falávamos depois. Fui à cozinha procurar um medicamento para as dores de cabeça, tomei-o e fui dormir. 
 Quando acordei, mandei uma mensagem ao Pedro e ao Fábio para virem à minha casa, tínhamos mesmo que falar. Dei um jeito à casa, estava mesmo desarrumada, depois tomei banho, ajeite-me e não percebi para quê tanto arranjo para falar com rapazes que só me deram cabo da cabeça. Mas continuando, à hora marcada, estavam os dois de plantão à minha porta. 

Pedro e Fábio: Olá Iara ! 
 E depois olharam um para o outro com cara meio estranha.  
Iara: Olá ! Entrem. 
 Eles entraram como pedi, foram sentar-se no sofá e segui-os. Sentei-me também e fui directa ao assunto.
Iara: Bem, ah... - O Pedro interrompeu-me. 
Pedro: Onde estiveste a semana passada ? Os teus pais não me diziam nada, não dizias nada, ninguém sabia de ti, onde estiveste enfiada ? 
Iara: Bem, estive em Espanha porque precisava de espaço ! Estava farta daqui estar e ainda por cima, mesmo estando com o Pedro pensava em ti Fábio. - E enfrentei-o, olhando olhos nos olhos. Senti que o Pedro estava desiludido mas que já estava à espera. - E tinha tomar uma decisão porque isto não é justo para ninguém, para nenhum de vocês nem para mim. 
Fábio: E então ? Que decisão tomaste ? 
Iara: Decidi ficar - fiz uma pausa breve, e eles estavam para me matar quando o fiz. - solteira. - Dava para sentir a desilusão que ambos sentiam. - Isso mesmo, desculpem-me mas o melhor é ficar sozinha até ter esquecido um de vocês, não quero que ninguém sofra aqui, mais do que já sofreu. 
Pedro: Então quer dizer que... perdi-te por este gajo ? 
Iara: Não me perdeste, nenhum de vocês me perdeu. Vocês são tudo, e sem vocês não era o que sou hoje. E tenho só a agradecer, mas agora o que precisamos é de ser amigos porque tem que ser. 
Fábio: Ao menos não o escolheste, ainda posso reconquistar-te. 
Pedro: Mas sou eu que o vou fazer.
Iara: A sério, chega ! Por agora a vossa amizade basta-me, logo se vê o futuro. 
Fábio: Tens razão, bem acho que vou indo. - Levantou-se e levantei-me também. Deu-me um prolongado beijo na cara, que foi muito carinhoso até e gostei.  
Pedro: Se calhar também vou. - Levantou-se e deu-me um abraço e de seguida retiraram-se os dois.
 Fui directa para a cozinha, e vi que no frigorífico não estava nada de jeito e portanto, fui ao café comer. Fui a pé, e durante o caminho vi uma caixa de cartão com dois gatinhos bebés. Não resisti e fui vê-los mais de perto. Deviam ser da mesma ninhada, tinham ambos as mesma cores. Eram brancos, com manchas, riscas pretas, e tinham também um tom acinzentado. Tinham os olhos de um azul lindo, eram tão pequeninos e frágeis. Não os consegui deixar ali e levei-os para casa. Não pensei na ideia de terem dono, e se tivessem quem os colocaria numa caixa de cartão no meio da rua ? Ninguém ! 
 Estava com fome e por isso deixei-os em casa e fui ao café. Paguei e levei a comida para casa, queria estar com aquelas coisas fofas. 
 Fui reparando no sexo, um era macho e outro fêmea. Queria dar-lhes um nome, e queria que eles os dois me identificassem como sua dona e que não tivessem medo de mim, mas pronto. São os primeiros dias e durante algum tempo vai ser assim, e lembrei que tinha de ir ao supermercado comprar comida, as tigelas para colocar a comida e etc. Não queria era deixá-los sozinhos, pois ainda fazem o que não devem. Mas lá teve que ser. 

continua. 

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