Delírios de Amor - XXII
Durante a tarde eu o Fábio ficávamos cada vez mais inseparáveis. Conheci-o melhor, muito melhor mesmo. Finalmente passara uma tarde agradável.
Fábio: Ahah, nem sabes o que fazia quando era criança.
Iara: O quê ?
Fábio: Fazia birra durante a noite, gritava, berrava e só parava quando tivesse um chocolate para comer, os meus pais passavam-se tanto ahah !
Iara: A sério ? Ahahahah
Fábio: Juro-te, é por isso que agora sou tão irresistível !
Iara: Ui ui, nem imaginas o quanto ! Ahah.
Enquanto andávamos tropecei num pedra e caí, ele ajudou-me a levantar e por uns instantes, os nossos olhares cruzaram de uma maneira tão única e de uma maneira que nunca tive oportunidade de sentir. Os seus olhos brilhavam e cheguei a perder-me neles, até que as nossas caras começaram a aproximar cada vez mais e quando os lábios quase se tocavam, eu afastei-me brutalmente dele. Com um ar totalmente desajeitado, levantei-me. Ele levantou-se segundos depois, e eu continuei a andar sem esperar por ele porque sabia que ele me seguiria.
Fábio: Iara ! Espera...
Olhei para trás, e fui ter com ele numa timidez sem calculo.
Fábio: O que se passou aqui ? Foi impressão minha ou estávamos prestes a beijar ?
Iara: Não foi impressão tua, e acho íamos mesmo.
Fábio: Desculpa, a culpa foi minha.
Iara: A culpa foi dos dois. Mas vamos esquecer, esta bem ?
Fábio: Sim, é, é melhor.
Fomos todo o caminho com um ar constrangido.
Iara: Não aguento mais este ambiente, fogo.
Fábio: Nem eu, ahah
Rimos-nos os dois, e começámos a falar de coisas mais alegres e com piada.
Quando demos por nós eram quase horas de jantar, mas desta vez, fomos para casa dele.
Fábio: A minha casa, bem está num desarrumanço !
Iara: Desarrumanço existe ?
Fábio: Provavelmente não, mas caga. Ahah .
Quando ele abriu a porta de casa, fiquei bem deslumbrada. A sala era linda, apesar de haver alguns copos por aí espalhados, as paredes eram de um bonito azul, com mobília meio à surfista, mas era tudo do meu agrado e a sala estava 100% aprovada. Nem liguei ao que o Fábio me disse e continuei a espreitar o resto da casa. Fui directa ao quarto, que era azul mas noutro tom, tinha muitas t-shirts espalhadas pela cama, chão e puf. Os móveis eram sempre em tom acastanhado. Tinha fotografias da família (pareceu-me ser da família dele), amigos, e isso. Mas uma fotografia chamou-me a atenção. Estava na cama dele, rasgada em dois. Era uma foto dele com uma rapariga, muito bonita. Na foto ele estava a dar-lhe um beijo na cara e ela com a mão na cara dele e a sorrir bastante.
Fábio: Ah pronto, agora já viste.
Iara: Queres falar ?
Fábio: Vá, antes que perca a coragem. - Sentou-se na cama e fez sinal para me sentar também. E sentei-me. - Ela era sem dúvida nenhuma, a mulher da minha vida. Amava-a tanto mas tanto que nem eu podia descrever aquilo tudo. Ela era a mulher ideal. Era, passado.
Iara: O que aconteceu ?
Fábio: Ela, bem - E vi lágrimas no canto do seu olho.
Iara: Se quiseres, não fales.
Fábio: Ela teve um acidente de carro, e , e eu não consegui salvá-la. - Começou a chorar. Abracei-o.
Iara: Nem sei que dizer Fábio, lamento imenso.
Fábio: Pois.
Iara: Bem, já chega de lágrimas, quero um sorriso nessa carinha e vamos lá fazer um jantar super delicioso e ver filmes ou o que tu quiseres, e depois vamos rir e rir e esquecer por um pouco isto tudo.
Ele abraçou-me durante um grande tempo e deu-me um beijo na testa.
Fábio: És a melhor, Iara. Obrigada.
Iara: Aqui para tudo Fá, amo-te feio.
Fábio: E eu a ti gorda.
Iara: Fábio ...
Fábio: Diz .
Iara: Preciso de tomar banhoooo !
Fábio: Na boa, a casa da banho é a porta a seguir, e se quiseres eu empresto-te uma camisola.
Iara: Obrigada.
Tomei um duche, e fui ver um t-shirt dele para usar. Escolhi uma branca da Pull&Bear. Aquilo ficava-me mesmo grande, ahah. Não sei porquê, mas tinha umas leggins pretas na mala e usei-as.
Fizemos o jantar e comemos a ver os Simpsons . Depois fizemos uma luta de almofadas, e, quando ele já estava no chão e para ganhar definitivamente, caiu em cima dele e como da outra vez, volta-se tudo a repetir. A mesma sensação, o mesmo sentimento, e um desejo enorme de sentir os seus lábios nos meus. Desta vez não me impus, e o beijo, por conta dos dois, aconteceu. Foi um beijo lento, mas quente e sincero. Durou um pouco mais do queria, mas não me arrependo.
Quando finalmente terminou, não sabia com que cara olhar-lhe. Mas com um teria de ser, e a minha primeira reacção foi sair de cima dele, e sentar-me no chão. Ele sentou-se junto de mim, e começámos a falar sobre o que acabara de acontecer.
Iara/Fábio: Desculpa, ah, ahah. - Dissemos em simultâneo.
Fábio: Falas tu ou eu ?
Iara: Falo eu. Não sei bem o que se passou, nem o porquê deste beijo acontecer, pensei que o nosso sentimento fosse do tipo irmãos, percebes ?
Fábio: Sim, e é o que eu também acho, ou achava.
Iara: Achavas ?
Fábio: Quanto a ti não sei, mas desde que começámos a dar assim, muito mais próximos não o que sentir. Não sei se é amizade mesmo ou mais que isso, mas eu não quero interferir na tua relação com o Pedro.
Iara: Bem, nunca pensei assim. Tinha o Pedro comigo, mas tu és diferente dele. E és o meu apoio nestas semanas mais difíceis, e agradeço-te por isso. E se este beijo aconteceu, é porque há mais que amizade. Não achas?
Fábio: Acho, mas também não sei se devemos assumir logo como se estivéssemos apaixonados. Acho que devemos deixar tudo acontecer a partir do natural, sem qualquer tipo de pressão ou lá o que seja e o que tiver que ser será.
Iara: Tens toda a razão.
Boa, lindo, magnífico, agora estava apaixonada pelo Fábio, sem dar conta ? Que rica vida. Já não basto eu e o Pedro estarmos como estamos, e agora tenho o Fábio a ocupar o meu coração também ? Ai, preciso de uma pausa. Muito drama para digerir.
Iara: Ah, é melhor ir deitar-me. Arranjas-me uma ou duas almofadas e um cobertor mega fofo para eu dormir no teu sofázinho ?
Fábio: Sofá ? Dormes na minha cama rapariga.
Iara: E tu ?
Fábio: Eu durmo na cama debaixo da minha, que é tipo, não sei o nome, mas é tipo que abre, opa isso ahah.
Iara: Ahahah, percebi. Esta bem então.
continua.
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